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22 de Maio de 2003

Empresas exploram novos nichos na informática

Um programa que é capaz de reconhecer 20 mil impressões digitais em segundos começa a render vendas para o microempresário Cid Luiz Zanella, da Computer Id, uma empresa gaúcha de desenvolvimento de softwares, com 3 funcionários e faturamento de R$ 230 mil no ano passado.

O produto, composto por um leitor digital e um programa desenvolvido em parceria com uma empresa européia, despertou o interesse de academias de ginástica, como a Runner e a Reebok, de empresas de planos de saúde, como a Unimed do Nordeste, e de cartórios. O identificador permite, por exemplo, que as academias identifiquem seus alunos apenas pela impressão digital e não mais com carteirinhas. No caso de planos de saúde, o aplicativo começa a ser utilizado para melhor controle dos usuários no momento da consulta médica.

Mas, mesmo com um mercado promissor, Zanella se queixa de pagar ainda o preço da inexperiência. Sua empresa nasceu apenas há três anos em uma incubadora na área de tecnologia, da qual ele deve sair em julho. Para ampliar seus contatos, ele vai participar nesta semana da Brasil Software Week, até o ano passado conhecida como Fenasoft, e fechar negócios futuros.

Como ele, um grupo de 63 pequenas empresas, a maioria formada em incubadoras, vai participar da feira em um estande coletivo do Sebrae para tentar entrar no mercado e disputar espaço com a concorrência.

"É o ponto fraco das pequenas indústrias de softwares. Grande parte delas é muito criativa, mas desenvolve um produto e depois vai atrás do mercado, em vez de primeiro descobrir o que o mercado deseja e em seguida partir para a produção", diz o gerente de Inovação do Sebrae, Paulo Alvim. "A feira garante a visibilidade a estas empresas. A idéia é abrir um canal de negociação para quem está começando."

Zanella, da Computer Id, já esteve na Fenasoft no ano anterior, fez muitos contatos, mas nenhum negócio. Mesmo assim, não desanimou. "Acredito que este ano o mercado estará mais comprador e, além disso, já tenho uma lista de clientes maior e com nomes conhecidos que pode ser um atrativo."

A Viasat Tecnologia vai à Brasil Software Week pela primeira vez, atrás de oportunidades de negócios. A empresa vai levar um produto que incorpora uma tecnologia específica para detectar e efetuar ligações interurbanas pelas tarifas mais em conta ao longo do dia.

"O usuário disca o número de telefone sem se preocupar com a operadora. O hardware e o software instalados no aparelho identificam a operadora que tem a tarifa mais barata naquele momento e fazem a ligação", explica Ricardo Gardim, proprietário da empresa mineira, com nove funcionários e faturamento anual em torno de R$ 360 mil. Ele comenta que, no mercado, as grandes empresas possuem um sistema parecido, mas desenvolvido apenas para o PABX.

"O nosso sistema serve para usuários únicos." O alvo de Gardim são residências e microempresas.

Alvim, do Sebrae, observa que há uma tendência cada vez maior entre as empresas de buscarem na área de informática e tecnologia produtos customizados, desenvolvidos para as necessidades específicas de cada uma. É justamente nestes nichos de mercado que as pequenas empresas de softwares têm chances de crescer. O problema, segundo ele, é que a maioria sonha em ser uma Microsoft, e não percebe que o caminho é o produto diferenciado, desenvolvido para as pequenas firmas e com maior valor agregado.

"A capacidade de inovar das empresas de menor porte é muito maior porque não enfrentam a burocracia das grandes, e é isso que elas precisam aproveitar."

No Brasil, de acordo com a Softex, há cerca de 3.500 empresas de software, mais de 60% formados por indústrias com menos de 25 funcionários. O crescimento da indústria de softwares no Brasil, na última década, girou em torno de 15% a 20% ao ano.

A Light Infocon Tecnologia vai levar para a feira um aplicativo para buscar palavras e localizar arquivos em diversos bancos de dados."Onde é necessário ter muita informação e gerenciar essas informações, o software se adapta.

Nosso diferencial é que a tecnologia é totalmente brasileira", diz o proprietário da empresa Alexandre Moura. E este detalhe é também um de seus problemas: "Infelizmente, ainda há preconceito contra a tecnologia brasileira." A empresa vende para a China, Austrália e Espanha, mas já enfrentou a desconfiança de um consumidor brasileiro por ter desenvolvido o programa aqui. "É inacreditável, mas só consegui vender o software para um empresário depois que ele viu meu produto na Espanha."

Fonte: Estado de São Paulo
Data: 25/05/2003
Autor: Vera Dantas

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