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22 de Novembro de 2019

Clipping - G1 São Carlos e Araraquara - Donizettis de Tambaú: nome de padre beato vira homenagem e passa por gerações

Cartório da cidade registrou 753 nomes 'Donizettis' e suas variações em 45 anos

A devoção pelo padre Donizetti, em Tambaú (SP), está marcada nos lugares por onde ele passou, nos corações dos fiéis e também nos nomes dos moradores. Muitas famílias decidiram homenagear o beato com seu nome e a prática já atravessa gerações.

Segundo os dados da Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), Tambaú teve 753 pessoas com os nomes Donizetti, Donizeti ou Donizete como o primeiro ou segundo nome de seus filhos desde 1974, quando passou a vigorar a lei que obriga os cartórios de Registro Civil das Pessoas Naturais (RCPN) a padronizar o processo de registro de nascimento.

O G1 publica nesta semana a série especial 'Donizetti: presente de Deus', com reportagens sobre a história e beatificação do padre Donizetti.

O maior número de registros, 43, aconteceu em 1982. Confira abaixo a tabela com os registros feitos entre 1974 e 2019:
 
Donizettis de Tambaú
Dados consideram registros de "Donizetti", "Donizeti" e "Donizete" no primeiro ou segundo nome
Número de registrosAnos19741976197819801982198419861988199019921994199619982000200220042006200820102012201420162018
Fonte: Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional)

O último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, apontou exatamente 20 mil nomes registrados com estas variações no Estado de São Paulo:
  • Donizeti: 1.912
  • Donizetti: 514
  • Donizete: 17.574
Homenagens e orgulho

O nome do padre foi uma homenagem de seu pai Tristão Tavares de Lima ao compositor italiano de óperas Gaetano Donizetti.

Para o comerciante Donizeti Celeste Dias, de 60 anos, ter o nome do beato é um lembrete de uma graça e motivo de orgulho.

A história contada pela sua mãe começa logo que ele nasceu e ficou muito doente. Naquela época, a família morava na roça e não sabia qual era o problema de saúde de Donizeti.

“A minha mãe me levou para o padre Donizetti benzer e eu ainda não tinha nome. Ela contava que melhorei quase na hora, por isso ela resolveu fazer a homenagem. E aí ele pediu para colocar Celeste também”, disse.

Além de carregar o primeiro nome, Donizeti também foi batizado pelo próprio padre e chegou a tirar a segunda via da certidão de batismo para poder guardar por mais tempo.

“Até hoje eu rezo muito para ele, tudo o que eu vou fazer, tudo o que eu consegui, eu tenho certeza que é a fé que tenho nele”, disse.

De pai para filho

Devoção que também está registrada no nome do seu filho, Rafael Donizetti Dias, de 27 anos. Assim como o pai, o engenheiro faz questão de falar a origem do seu nome em todos os lugares que vai.

“As pessoas sempre associam meu nome ao padre e para mim isso é motivo de orgulho. A gente já passou por momentos muito difíceis e se não fosse a força que vem dele, a gente não teria conseguido”, contou.

Segundo Rafael, ele fez muitas promessas quando precisava de alguma nota na faculdade. Em alguns casos, até penitência de não tomar cerveja.

“A gente brincava que o padre Donizetti tinha se formado em engenharia junto comigo, porque sempre que apertava, que eu precisava de 0,01 na nota, era a ele que eu recorria”, disse.

Homenagem dupla

Na casa dos irmãos gêmeos Isete Zampolo de Souza e Donizetti Aparecido Zampolo, de 52 anos, a homenagem é dupla. Mesmo antes de saber da gravidez, os pais Luzia e José Geraldo comentavam com amigos que gostariam de colocar esses nomes nos próximos filhos.

O irmão, que é barbeiro há 28 anos, conta que sempre lembra das histórias que o pai, já falecido, contava a ele. Em um dos relatos, José Geraldo descrevia o dia em que os romeiros pediram água para ele.

“Meu pai tinha só uma moringa de água e deu para eles tomarem. Ele conta que tinha muita gente dentro do caminhão e todos tomaram bastante água, mas ainda assim sobrou. Ele ficou muito impressionado”, disse.

A cura

A fé de Isete na ‘santidade’ do padre foi testada em 2001, quando a professora passou a sentir fortes dores de cabeça e tontura. Após passar por um neurologista em Tambaú, foi encaminhada para uma tomografia devido à existência de um ovo de solitária no lado direito do cérebro.

Isete conta que a sua mãe, seu marido e ela estavam rezando muito para que o padre fizesse do seu caso um milagre.

“Quando o médico entrou, ele falou para eles cuidarem muito bem de mim, se aproximou e colocou a mão direita na minha cabeça, bem do lado onde estava o ovo. Nessa hora, eu tenho certeza que ele foi instrumento do padre Donizetti, porque no novo exame o ovo estava calcificado”, contou.

Orações

Já o pequeno Lorenzo Donizetti, de 1 ano e dois meses, tinha o nome definido antes mesmo de nascer.

De acordo com a mãe, Maria Gabriela Benvenutto, quando ele ainda estava no hospital, o menino teve hipoglicemia e adquiriu uma bactéria, que causou uma grave infecção. Ele teve derrame no pericárdio e precisou ser operado e entubado.

“Os médicos falaram várias vezes que ele corria risco de vida e para a gente, como pai e mãe, é muito difícil escutar isso. Eu pedia um milagre que tirasse ele de lá e que a gente pudesse levar ele embora para casa o quanto antes”, disse.

Segundo a mãe, a avó de Lorenzo pediu que eles levassem a água do mausoléu do Padre Donizetti para benzer o pequeno.

“Eu arrumei um recipiente bem pequeninho e entrei com ele no bolso. Sem que ninguém percebesse eu joguei uns pingos no bercinho e nele também”, contou o pai, Antonio Carlos Benvenutto.

Depois daquilo, Lorenzo passou a responder à medicação e começou a se mexer. De acordo com os pais, os médicos ficaram surpresos com a melhora do quadro.

“Eu falava para as médicas: o meu filho é um milagre, eu vou tirar ele daqui. E ele ficou totalmente curado, hoje ele não tem nada", contou a mãe emocionada.

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