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11 de Abril de 2016

Diário do Grande ABC - Região tem união de deficientes auditivos

Não existem fronteiras para o amor. No caso do casal Kelly Cristina Farias Amora, 41 anos, e Marcelo Fermino, 44, a frase tem várias aplicações. Ambos possuem deficiência auditiva. Ela era moradora de Manaus (Amazonas) e ele de Santo André. Os dois protagonizaram a primeira cerimônia do Grande ABC feita com o sistema eletrônico de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais).

A iniciativa possibilita que, por meio de teleconferência (via notebook), os noivos visualizem uma intérprete que traduz simultaneamente as palavras do juiz – este utiliza microfone. Anteriormente era necessário que os noivos levassem ao local um profissional que portasse certificado para a realização do ato.

O sistema já está disponível desde o início do ano em todos os cartórios do Estado e foi implantado pela Anoreg SP (Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo). A mudança foi possível graças a promulgação do Estatuto da Pessoa com Deficiência de 2015, que regulamentou a obrigatoriedade em relação a prestação de serviços aos portadores de deficiência, inclusive nos serviços de registro.

O Diário acompanhou a cerimônia, em Santo André, que aconteceu no Cartório de registro Civil, no Centro (localizado na Rua Senador Fláquer) e entrevistou os noivos com a ajuda de uma intérprete.

A história de Kelly e Marcelo começou há quase quatro anos e também foi impulsionada pela tecnologia. Um dia ele, que já procurava uma namorada, encontrou o perfil da atual esposa no Facebook e a adicionou. Os dois têm deficiência auditiva desde pequenos.

“Começamos a conversar, trocamos presentes e correspondências. Eu vi que a gente combinava, mas não imaginava que viraria uma relação tão duradoura. Ainda mais que eu tinha medo de vir para cá (Santo André), pois achava que era muito violento”, contou ela.

Com nove meses de namoro a distância, Fermino viajou até o Amazonas para conhecer a família da sua futura esposa. Lá, pediu a mão de Kelly em casamento e ela aceitou, mas relutava em morar em Santo André. “Eu a convenci e no dia seguinte arrumamos as malas e pegamos o avião. Apesar de eu perceber que ela estranhou um pouco no começo, aos poucos ela foi passeando mais, fazendo compras e hoje se acostumou.”

Prova disso é que Kelly já trata Santo André como a sua segunda casa, afinal já são três anos morando no município. Em um dia cheio de grandes emoções, a única tristeza da noiva foi a ausência de seus familiares durante a cerimônia. “Mas, eu sei que eles estão torcendo e orando muito por nós”, concluiu.

Na esperada hora de dizer o ‘sim’, a emoção tomou conta. Para testemunhar a união, o casal de padrinhos – que frequenta as mesma igreja que os noivos – também é formado por deficientes auditivos. A plataforma se mostrou ainda mais necessária.

Após a assinatura, o casal se olha emocionado e cheio de felicidade. Entre os planos para o futuro, um dos principais é ter um filho. “Eu fiquei admirada quando o conheci porque ele foi muito longe para me buscar. Isso realmente é prova que o amor entre nós é muito grande e verdadeiro. Hoje é um dia de muita felicidade para mim”, finalizou a recém-casada.

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