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27 de Março de 2019

Clipping – Insieme - Polícia Federal em Roma anuncia entrada na luta contra a “máfia da cidadania italiana”. Fechar a ‘máfia dos coiotes’, diz Segovia a Lorenzato

A Polícia Federal brasileira acaba de comunicar que está entrando formalmente na investigação da chamada “máfia da cidadania italiana”, objeto de reiteradas denúncias e prisões pela polícia italiana. Em correspondência endereçada ao deputado Luis Roberto Lorenzato, o representante da Polícia Federal junto à embaixada do Brasil em Roma, Fernando Queiroz Segovia Oliveira, colocou-se à “disposição para qualquer ajuda”, pedindo “informações para dar início a uma investigação por parte da Polícia Federal no Brasil, que pode ajudar, em conjunto com as autoridades brasileiras e italianas, a fechar as atividades desta ‘Mafia dei Coyotes'”.

A carta recebida por Lorenzato e redigida em italiano, tem a data de hoje (27/03) e é endereçada ao parlamentar também na condição de membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e presidente da seção da União Inter parlamentar Italia-Brasil. As atividades do crime organizado assumiram, “na quase totalidade dos casos, um caráter ‘transnacional’”, diz a correspondência, fazendo referência ao caso ontem revelado da operação “Super Santos”, envolvendo cerca de 800 nomes, entre eles brasileiros, na região norte da Itália.

Em entrevista exclusiva a Insieme, Lorenzato manifestou preocupação sobre como “isso tudo poderá terminar”. Além dos ‘atravessadores’, dispostos a tudo, surge agora um outro discurso ligado a advogados inescrupulosos: “Eu sugiro – diz o parlamentar – que não divulguem imagens de print da tela do Tribunal de Roma bem como sentenças ou partes delas, pois na Itália tem a Lei da ‘Privacy’. Isso expõe os juízos”. E lança um alerta: “Daqui a pouco poderão dificultar a questão judicial”.

Segundo ele, a Polícia Federal do Brasil já está com inquérito da ‘máfia dos coiotes’ e a Justiça aqui é muito séria. Um escândalo poderá atingir a todos. Evitem brincadeiras com a justiça italiana”. O parlamentar, que há tempo se empenha pela boa imagem brasileira na Itália e pelo respeito aos direitos dos ítalo-descendentes, observa que algumas pessoas “estão brincando com a boa advocacia e com a justiça. Para defender os de boa-fé, Irei encaminhar para a Ordem dos Advogados da Itália e para a Magistratura italiana quanto a essa propaganda excessiva.”

“A situação é, realmente, gravíssima”, disse o parlamentar em vídeo que gravou no ambiente do plenário da Câmara dos Deputados, em Roma, nesta manhã (horário do Brasil), após ser interpelado por insieme sobre o episódio do Piemonte e sobre a posição de seu partido – a Lega – a respeito do problema. “É tão grave a situação” – acrescentou, que recebeu do representante da Polícia Federal do Brasil em Roma pedindo ajuda.
Grafada como “urgente”, a correspondência de Segovia a Lorenzato está lavrada nos seguintes termos, que traduzimos: “No âmbito da cooperação internacional de polícia, com ponto focal de luta contra toda forma de crime organizado, os fatos comunicados por Vossa Senhoria nas redes sociais e no noticiário da imprensa constituem atividades, em sua quase totalidade, que assumem um caráter ‘transnacional’.

Nesse contexto, a Polícia Federal do Brasil é o Corpo de Polícia para o combate do crime, também econômico-financeiro, chamada a desenvolver um papel central no combate ao tráfico de seres humanos e falsificação de documentos para a imigração clandestina.
Recebemos as informações que nesta terça-feira, 26 de março, as autoridades policiais italianas conseguiram concluir uma investigação chamada “Super Santos” com um bom resultado contra uma organização criminosa que operava com autorizações ilícitas de cidadania italiana. Os criminosos induziam os funcionários públicos encarregados dos cartórios municipais ao erro, para obter documentos necessários ao processo inteiro de reconhecimento da cidadania.

A base operacional dessa organização estaria na região do Piemonte e a avaliação é que seus integrantes tenham obtido cerca de cinco milhões de euros com seus crimes, e por isso seria possível também o crime de evasão de divisa fiscal para os dois países. Foram presos sete cidadãos brasileiros cuja identidade ainda não conhecemos e se eles têm alguma conexão com outras pessoas no Brasil.

Assim, nos congratulamos pelo sucesso dessa investigação e, ao mesmo tempo, colocamo-nos à disposição para qualquer ajuda e pedimos informações para dar início a uma investigação por parte da Polícia Federal no Brasil, que possa ajudar conjuntamente as autoridades brasileiras e italianas a fechar as atividades dessa ‘Mafia dei Coyotes’. Apresentamos nossas cordiais saudações, Fernando Queiroz Sagovia Oliveira, funcionário da Polícia Federal em Roma”. 

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