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18 de Maio de 2020

Clipping – G1 - Cartórios de SP registram 465 mortes a mais do que governo por Covid-19; 1ª morte foi há 2 meses

Os cartórios de São Paulo registraram 465 mortes a mais por Covid-19 ou suspeita da doença do que a Secretaria Estadual da Saúde, em dois meses, do dia 16 de março até esta sexta-feira (15), diferença de 10,33%. A primeira morte por Covid-19 no Brasil, ocorrida em São Paulo, completa dois meses neste sábado (16).
 
A Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) contabilizou 4.961 mortes por Covid-19 ou suspeita da doença no estado de São Paulo de 16 de março até as 19h de 15 de maio, de acordo com dados do Portal da Transparência. Já a Secretaria da Saúde de São Paulo afirma ter registrado 4.501 mortes por Covid-19 no mesmo período.
Os cartórios registram os casos suspeitos juntamente com os casos confirmados de Covid-19, o que pode explicar a diferença nos números.
 
Oura razão para a diferença de números pode ser devido à demora da Secretaria Estadual de Saúde receber os dados nas unidades de saúde e assim atualizar o número de casos para divulgá-los, processo que pode levar alguns dias.
 
Por outro lado, a contagem feita pelos cartórios pode ser ainda maior porque sofre há um atraso na contabilização. Quando uma pessoa morre, a família tem até 24h para fazer a declaração de óbito no cartório. Esse processo também pode ser feito pela funerária, que tem até 2 dias para enviar o atestado de óbito ao cartório. E os cartórios têm prazo de até 5 dias para fazer o registro do óbito.
Depois disso, o prazo para a morte entrar na plataforma de dados é de até cinco dias. Por isso, óbitos por Covid-19 que ainda podem estar entrando no gráfico. Se a família receber depois o resultado do teste negativo para Covid-19, as famílias podem pedir que as certidões sejam corrigidas.
Há um mês, os cartórios de São Paulo registravam 368 mortes a mais do que o governo do estado. O estado contabilizava 778 mortes do dia 16 de março até 15 de abril, enquanto os cartórios registraram 1146. Nessa época, os testes represados também podiam explicar a disparidade de números. Atualmente, o governo diz que zerou a fila.
 
"80 enterros por dia"
 
Na capital paulista, um dos cemitérios municipais que mais recebe vítimas de Covid-19 é o da Vila Formosa, na Zona Leste da capital, o maior cemitério da América Latina. No terreno foram abertas 8 mil valas e foi designado, pela Prefeitura da capital, como o "centro de logística para os mortos por coronavírus".
 
O local ficou conhecido internacionalmente após estampar a capa do jornal norte-americano "Washington Post" com uma imagem aérea que mostrava uma imensidão de covas abertas e, em 30 dias depois, todas ocupadas e fechadas.
 
Só em abril deste ano, o número de enterros subiu 18% na cidade de São Paulo, em comparação com o mesmo período de 2019: foram enterrados no mês 6.171 pessoas, segundo o Serviço Funerário, da Prefeitura. Só no Vila Formosa enterradas 1.654 pessoas em abril.
 
A reportagem do G1 conversou com alguns dos 30 sepultadores da unidade, que pediram para não ser identificados.
 
Segundo eles, apesar de tomarem todos os cuidados para evitarem a contaminação pelo vírus, o medo está presente no trabalho no dia a dia.
 
"Estamos enterrando mais de 75, 80 pessoas por dia, vítimas de coronavírus a maioria. Antes disso tudo, eram entre 20 e 30 enterros, no máximo. Começamos cedo, antes das 7h, e vamos até as 19h, 20h, se precisar. Trabalho não para nunca", diz João (nome fictício), um sepultador do Vila Formosa, que tem 44 anos e há 22 atua como servidor municipal nesta carreira."

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