Notícias

19 de Maio de 2003

Domingo foi o Dia Nacional da Adoção - Clipping JN

As crianças nem sabem, mas quando chegam a um abrigo como este, entram numa corrida contra o tempo. A cada noite passada aqui, fica menor a chance de encontrar uma família.

Em três anos, a menina que vamos chamar de Sandra, já viu muitos entrando, poucos saindo.

"Me deu um vazio.", diz Sandra.

E entendeu a lógica da adoção.

"As pessoas só adotam as pequenas. Aí eu chorei um dia.", completa.

Onze anos e poucas esperanças. Ela tem uma irmã de sete e um irmão de três no abrigo. Os processos de adoção têm uma característica em comum: casais procuram meninas, brancas e com no máximo dois anos de idade.

Isso nasce de um desejo natural dos casais que querem exercer a paternidade, a maternidade, em todas as fases da vida do filho. Mas cria uma realidade perversa para as crianças que estão em abrigos. É como elas tivessem prazo de validade.

Há dez anos na Vara da Infância e Juventude, a juíza se habitou a receber casais que nem pensam em adotar crianças mais velhas.

Para cada criança com menos de dois anos, há 36 candidatos a pais adotivos.
Na faixa dos dez anos, só existe um casal disposto a adotar, para cada 66 crianças procurando uma família.

Um encontro em São Paulo reúne famílias que querem um filho. Tenta mudar o que motiva a adoção, não o desejo dos pais, mas a necessidade da criança. Adriana e João decidiram adotar um irmão para Jonas, filho biológico.

"A gente tem certeza que nosso filho está numa instituição. Não sabemos onde, mas sabemos que ele existe.", diz Jonas.

Antes, podia ter no máximo dois anos. Agora, crianças de até seis, tem chance de entrar para família.

As dificuldades de adaptação são muitas, mas não intransponíveis. Jaqueline chegou aos seis anos em uma família com filhos adultos, um autista.

"Acho que a experiência valeu a pena porque ela se adaptou muito, muito bem.", dia Dona Carmem, a mãe adotiva.

Jaqueline ainda tem uns pesadelos, uns dias difíceis. Mas desfruta de uma coisa que de tão importante deveria ser um dos direitos fundamentais das crianças. E que faz tanta falta a Sandra:

"Eu mais sinto falta do amor de mãe.", diz ela.

Para adotar uma criança, o processo é simples. Basta se cadastrar na Vara da Infância e da Juventude mais perto da sua casa. As famílias podem contar ainda com orientação psicológica.

Fonte: Jornal Nacional
Data: 25/05/2003

Assine nossa newsletter