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15 de Fevereiro de 2021

Clipping – Diário do Grande ABC - Registros de nascimentos caem 18% em janeiro no Grande ABC

Se por um lado a pandemia do novo coronavírus foi grande responsável por milhares de mortes, por outro também influenciou para que as taxas de natalidade caíssem no Grande ABC. No comparativo de janeiro do ano passado com janeiro deste ano, o número de nascidos teve queda de 18,3% – foram 2.872 certidões de nascimento emitidas em janeiro de 2020 contra 2.349 registros no mês passado –, ou seja, 523 bebês a menos.

O município com maior recuo no número de nascidos entre as sete cidades do Grande ABC foi Diadema (-26,49%), passando de 385 para 283 crianças registradas. Santo André aparece logo em seguida, com baixa de 25,63%. O levantamento é da Arpen/SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo). Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil (https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio), repositório de estatísticas dos atos praticados pelos cartórios de registro civil do País.

A única cidade que foi na mão contrária diante da comparação foi Rio Grande da Serra, onde os registros subiram 58%, passando de 31 para 49 bebês – veja números por cidade na arte abaixo.

EXPLICAÇÃO

Segundo o professor Leandro Campi Prearo, reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e diretor do Inpes (Instituto de Pesquisa) da universidade, o alto índice de queda no número de bebês registrados está ligado não somente à questão de saúde e aos protocolos de segurança da Covid-19, mas, também, à crise econômica, movimentada por inúmeras demissões e o cenário de incertezas, que são reflexo da pandemia.

“Todas as vezes em que o País passa por crises como esta que estamos vivendo, sonhos que são planejados, como a questão de se ter filhos, acabam por ser adiados. E, obviamente, a demanda fica reprimida e só se normaliza quando a confiança e estabilidade são retomadas.” Prearo destaca o fato de a região ser desenvolvida e industrializada e que, até por ter essas características, sofre quando essas crises surgem. “Este cenário acompanha toda a Região Metropolitana, Estado e País”, acrescenta.

Em todo o Estado, a queda foi de 15,5% em janeiro, primeiro mês após o período normal de gestação desde a chegada da Covid-19 no Brasil, em que os casais optaram por ter filhos ou não, já com a crise sanitária instalada no País. Foram 45.333 nascimentos neste ano, contra 53.690 registros de janeiro de 2020. No Brasil, os números também tiveram queda de 15,1%. Foram registrados 207.901 nascimentos em janeiro de 2021, frente a 244.974 ocorridos no mesmo mês do ano anterior.

“Os impactos causados pela Covid-19 nas taxas de mortalidade do Estado já eram de conhecimento de todos, mas agora o que vemos também é o reflexo causado pela pandemia na taxa de natalidade. Essa diminuição do número de nascimentos registrados seguramente afetará, futuramente, diversos aspectos da sociedade, principalmente relacionados à economia e ao desenvolvimento”, explica a presidente da Arpen-SP, Daniela Silva Mroz.

Casal reprograma casamento e filho

O empresário José Eduardo Acencio, 33 anos, e a auxiliar administrativa Karine de Moraes, 32, se viram obrigados a adiar seus sonhos em decorrência da pandemia da Covid-19. O casamento, que seria em setembro, e a gravidez planejada, logo em seguida, tiveram que ser reprogramados. O casal, que reside em São Caetano, já está junto há três anos e vinha há certo tempo organizando os acontecimentos.

“Mas, tudo mudou. Vivenciamos essa doença na pele, ninguém nos contou. A família toda pegou, inclusive minha sobrinha de 1 ano. Perdemos minha mãe em decorrência do coronavírus, pelas sequelas que deixou em seu corpo. Imagina o que passamos. Então, não podíamos arriscar. A Karine não pode ficar grávida e correr risco de ir fazer exames gestacionais, ir a laboratórios nesta situação em que o País está passando. Precisamos ter segurança para darmos esse passo, creio que depois que a maior parte da população tomar a vacina”, comentou José Eduardo.

Além disso, Karine conta que a gravidez é um momento em que pretende ficar rodeada pelos familiares e não quer arriscar a própria vida assim como a de sua família. “Minha mãe é cardíaca, então, decidimos segurar nosso sonho para poder viver essa fase com mais segurança e rodeados de quem queremos”, comentou.

O casamento irá acontecer ainda neste primeiro semestre, mas será totalmente diferente daquilo que foi programado. “Tivemos que replanejar a vida e isso, é claro, causa frustração. Quem sabe no início do próximo ano a gente consiga engravidar. Mas tudo com cautela e consciência”, conta Karine.

O casal viu com bons olhos a baixa taxa de natalidade registrada na região em janeiro. “Que bom que a taxa de crianças nascidas e registradas caiu, isso mostra que, ao menos, as pessoas estão mais conscientes, porque, é como disse, é uma doença muito cruel. Mesmo minha família tomando todo cuidado, não escapamos”, reafirma José Eduardo. 

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