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20 de Setembro de 2021

O Vale - Número de filhos por família cai 24% no Vale em 20 anos

Entre 2000 e 2020, o número médio de filhos por mulher caiu de 2,10 para 1,58 no Vale do Paraíba; queda da taxa de fertilidade é acompanhada por menor número de casamentos na região
 
Estatísticas do Registro Civil do estado de São Paulo compiladas pela Fundação Seade mostram que o número médio de filhos por mulher caiu de 2,10 para 1,58 no Vale do Paraíba em 20 anos.
 
No ano 2000, a taxa de fecundidade da região era de 2,10 filhos por mulhes, uma das mais altas de todo o estado. No ano passado, a taxa caiu para 1,58, uma redução de 24,7% em duas décadas.
 
De acordo com o Seade, a estimativa da fecundidade ano a ano mostra que esse decréscimo não foi contínuo ao longo do período. No Vale, na primeira década do século, a taxa despencou 19%, de 2,10 filhos por mulher para 1,69 em 2010. Já na segunda década a taxa caiu menos e recuou 6%, de 1,69 para 1,58.
 
Para cientistas sociais, a ascensão da mulher ao mercado de trabalho na primeira década, economicamente melhor no Brasil do que nos 10 anos seguintes, pode explicar, ao menos em parte, a queda na taxa de fertilidade. Mas não só.
 
“A mulher tem cada vez mais autonomia em sua vida afetiva e profissional, e muitas vezes prorroga a maternidade para depois de consolidar a carreira. Ter menos filhos também faz parte dessa decisão. Mas é importante lembrar que isso não é igual em todas as classes sociais”, disse a cientista social Dora Soares.
 
BEBÊS
 
No ano passado, o Vale registrou o nascimento de 30.854 bebês, ainda segundo o Seade. Em 2019, esse número foi de 32.096 crianças, uma redução de 3,87% e representando 1.242 bebês a menos. A diferença no número de crianças é maior do que os nascimentos registrados em 32 cidades do Vale em 2020. Só sete municípios tiveram mais de 1.300 nascimentos no ano passado.
 
Bebês do sexo masculino tiveram uma queda percentual maior do que as meninas. No Vale, o nascimento de meninos caiu 4,34% entre 2020 e 2019 -- 15.707 a 16.419 – do que das meninas, que recuou 3,38% no mesmo período --15.147 a 15.677.
 
“Essa tendência de crescimento possivelmente está associada às mudanças de comportamento reprodutivo das mulheres, como o adiamento da maternidade, o que pode resultar em necessidade de procedimentos para solucionar dificuldades de reprodução”, informou a pesquisa.
 
PERFIL
 
Vinte e uma das 39 cidades da região registraram menos nascimentos de bebês em 2020 do que em 2019, sendo que em 17 delas o percentual foi acima da média da região, de -3,87%. As cidades com as maiores quedas foram Lagoinha (-23,6%), Santo Antônio do Pinhal (-19%) e Tremembé (-12%).
 
Neste grupo também estão Guaratinguetá (-5,9%), São Sebastião (-5,4%), Jacareí (-5%) e São José dos Campos (-4,58%). Em Pindamonhangaba, o percentual de redução (-2,7%) ficou abaixo da média regional.
 
Excetuando Cruzeiro, que registrou o mesmo número de nascimentos nos dois anos, 17 cidades do Vale aumentaram a natalidade no ano passado, com destaque para Lavrinhas (+30%), Monteiro Lobato (+20,5%) e Arapeí (+16%).
 
GESTAÇÃO ADIADA
 
Em 2000, de acordo com om Seade, a fecundidade concentrava-se entre as mais jovens, mulheres de até 30 anos, que respondiam por 71,3% da fecundidade total.
 
Nos anos seguintes, a redução da fecundidade ocorreu principalmente neste grupo e a curva passou a ter um formato mais dilatado.
 
“A participação da fecundidade específica das mulheres com menos de 30 anos, na fecundidade total, ficou em 65,3%, mas aumenta para 85,7% ao se incluir a fecundidade daquelas entre 30 e 34 anos, indicando que a fecundidade está se tornando mais tardia”, avaliou o Seade.
 
“Esse é um desafio para as cidades do Vale que precisará ser debatido, a questão da população, que tende a cair nas proximas décadas”, disse o presidente da RMVale, Lê Braga (PSDB), prefeito de São José do Barreiro.

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