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07 de Janeiro de 2019
Clipping – A Cidade On - Casamento gay cresce 168% em dezembro em Campinas
- O número de casamentos homoafetivos registrados em Campinas cresceu 168% entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, de acordo com o levantamento da Arpen/SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo). Segundo o relato dos casais, o aumento se deve ao receio de perder direitos adquiridos com a posse do novo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Durante a disputa eleitoral o então candidato Jair Bolsonaro assinou um termo da organização Voto Católico Brasil que defende "o verdadeiro sentido do Matrimônio, como união entre homem e mulher". O temor era de que o novo governo baixasse uma medida provisória proibindo a união. O casamento homoafetivo foi aprovado no Brasil em 2013 pelo Conselho Nacional de Justiça. - Nos 12 meses de 2018 foram registrados 181 casamentos homoafetivos em Campinas. Apenas no mês de dezembro foram 59 casamentos registrados, o que equivale a 32% de todos os casamentos registrados durante o ano.
O número também é mais que o dobro do registrado no mês de novembro que somou 22 registros. - MEDO
O economista João Vechio, de 29 anos, e o engenheiro mecânico Arthur Resende, de 27 anos, resolveram se casar em dezembro, depois de sete anos namorando e morando juntos. O casal já possuía registro de casamento estável desde pouco depois do namoro, mas a discussão em adquirir a certidão de casamento surgiu durante as eleições para presidente do ano passado. "Após algumas declarações polêmicas do atual presidente e de alguns dos seus possíveis ministros, nós decidimos que converteríamos a nossa união estável em casamento o mais rápido possível", disse Vechio.
O casamento foi apressado para que o registro fosse feito ainda em 2018. "Nosso plano original era fazer a festa no fim de 2019, com uma cerimônia pequena, alguns padrinhos e logo depois seguir para uma viagem que temos planejado há anos para a Islândia. Foi tudo adiantado, menos a festa e a viagem", brinca o economista.
No entanto, o casal ainda teme represálias do presidente empossado. "Não é o tipo de pauta que a gente espera ver sendo votada na Câmara dos Deputados ou no Senado, mas existe um medo de isso voltar à tona", contou. "Pelo que entendo, anular casamentos seria impossível, mas impedir que outros sejam homologados pode vir a ser uma realidade".
O antropólogo Thiago Falcão, de 29 anos, casou com o professor Raus Santos pelo mesmo motivo. Eles também queriam se casar em 2019, mas depois da campanha do atual presidente resolveram adiantar a cerimônia "já que o casamento homoafetivo não é uma lei, mas uma decisão do STF", explicou Falcão.
O desconforto e apreensão com o atual governo também é compartilhado pelo casal. "Todo dia é alguma fala do atual governo que deslegitima a nossa existência enquanto sujeitos de direitos e enquanto família", disse. "Foi a possibilidade de proibir novos casamentos, inclusive, que nos fez adiantar o nosso".
No entanto, o casal ainda teme represálias do presidente empossado. "Não é o tipo de pauta que a gente espera ver sendo votada na Câmara dos Deputados ou no Senado, mas existe um medo de isso voltar à tona", contou. "Pelo que entendo, anular casamentos seria impossível, mas impedir que outros sejam homologados pode vir a ser uma realidade".
O antropólogo Thiago Falcão, de 29 anos, casou com o professor Raus Santos pelo mesmo motivo. Eles também queriam se casar em 2019, mas depois da campanha do atual presidente resolveram adiantar a cerimônia "já que o casamento homoafetivo não é uma lei, mas uma decisão do STF", explicou Falcão.
O desconforto e apreensão com o atual governo também é compartilhado pelo casal. "Todo dia é alguma fala do atual governo que deslegitima a nossa existência enquanto sujeitos de direitos e enquanto família", disse. "Foi a possibilidade de proibir novos casamentos, inclusive, que nos fez adiantar o nosso".