O juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, Siro Darlan, suspendeu por um ano o cadastro de casais interessados em adotar crianças com até quatro anos quando houver exigência de cor e de sexo. O objetivo da medida é incentivar a adoção de crianças com mais de quatro anos, maioria nos abrigos e orfanatos da cidade. Levantamento do Juizado da Infância e Juventude aponta que das 151 crianças disponíveis para adoção, 94% têm mais de quatro anos ou problemas de saúde. A mesma pesquisa revela que 83%, dos 229 habilitados para adoção, querem bebês com até um ano de idade. "A maioria pede menina, branca e recém-nascida. Temos 151 crianças para adoção no Rio e nenhuma tem esse perfil", disse o juiz. Segundo suas projeções, até o fim do ano 600 casais seriam inscritos no município: "Não adianta continuar cadastrando indefinidamente porque a espera seria de quatro ou cinco anos e nossas crianças continuariam crescendo em abrigos", explica. A portaria, assinada ontem (23), permite a inscrição de casais que desejem crianças com mais de 4 anos, grupo de irmãos ou com algum tipo de deficiência - além da não preferência pordeterminado sexo ou cor.

Perfil - Nos orfanatos da cidade do Rio, 86% das crianças têm mais de 6 anos. Das 151, apenas sete têm até 4 anos. Negros e pardos correspondem a 46%. E a maioria é de meninos. "Nossa estratégia é compatibilizar o cadastro de interessados com o das crianças que temos disponíveis. Somente 0,01% dos habilitados quer um bebê negro", diz a diretora da Divisão de Serviço Social, Glória Vargas.

Fonte:(O Estado de S. Paulo - Clarissa Thomé; O Dia - RJ; Folha de S. Paulo)