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Centrais Nacionais dos Serviços Notariais e de Registro são destaque no segundo dia do 95º Encoge
O 95º Encontro Nacional dos Colégios de Corregedores-Gerais
dos Tribunais de Justiça do Brasil (Encoge) sediou, no dia 29 de maio, em
Brasília, um painel de grande relevância para o futuro dos serviços notariais e
registrais no país. Com o tema “Desafios dos serviços notariais e registrais e
sua contribuição para a união do Poder Judiciário – A Experiência das Centrais
Estaduais”, o evento reuniu importantes nomes da atividade, como Juan Pablo
Correa, presidente do Operador Nacional de Registro de Imóveis (ONR); André
Gomes Neto, presidente do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil
(IEPTB); e Rainey Alves Marinho, presidente do Instituto de Registro de Títulos
e Documentos e de Pessoas Jurídicas do Brasil (IRTDPJBR).
O debate central girou em torno da evolução das centrais
estaduais, seu papel pioneiro na digitalização dos serviços e a transição para
um modelo mais centralizado e interoperável, impulsionado pela criação de
operadores nacionais.
Juan Pablo Correa, presidente do ONR, destacou a importância
das centrais estaduais como o “primeiro passo para a implantação do serviço
eletrônico de imóveis”. No entanto, ele ressaltou que a autonomia na
normatização de cada unidade da federação gerou desafios de integração e
interoperabilidade.
“Em 2017, tivemos a criação do ONR, cuja função principal é
desenvolver todo esse sistema de registro eletrônico de imóveis, de forma
integrada e interoperável”, explicou Correa, enfatizando o objetivo de criar um
sistema único e nacional. Ele salientou que, mesmo com a regulamentação do ONR
em 2019, as centrais estaduais foram mantidas de forma residual, em uma
tentativa de interoperabilidade que, segundo ele, “não acabou avançando”.
O presidente do ONR revelou que a Lei 14.382, que criou o
SERP, sinaliza para uma unificação ainda maior. “O que se imagina é que nós, na
cidade, tenhamos que ter uma porta única de prestação de serviços eletrônicos
dos Registros Públicos. Fomos convidados a fazer isso de forma mútua, de
extinção e desativação das centrais estaduais”, afirmou.
Correa apresentou números impressionantes sobre o
investimento e a atuação do ONR, que nos últimos dois anos investiu R$ 30
milhões, atendendo 1.370 serventias e disponibilizando 105.881 equipamentos.
“Isso só poderia ser feito com uma entidade nacional. Entidades locais, por
mais que tenham esforço, não conseguiriam atingir toda essa dimensão”, pontuou.
Protesto 100% digital
André Gomes Neto, presidente do IEPTB, reforçou a ideia da
centralização e da digitalização ao afirmar que a atividade de protesto no
Brasil é “100% digital, no que concerne à metodologia, à operação para o
próprio usuário”. Ele explicou que o protesto possui uma “porta única de
entrada e de saída” e que as centrais estaduais funcionam como formas de
desconcentração, sendo a atividade de protesto concentrada em uma única central
nacional.
Gomes Neto apresentou dados que comprovam a eficiência do
protesto como instrumento de cobrança. “Sessenta por cento dos créditos
privados encaminhados ao protesto são pagos”, revelou. Além disso, destacou a
arrecadação de R$ 65,2 bilhões em créditos privados de janeiro de 2023 a abril
de 2025, e R$ 67 bilhões em créditos públicos federais.
O presidente do IEPTB também ressaltou o sistema “Avise-me”,
uma ferramenta gratuita que notifica o cidadão por e-mail ou WhatsApp caso haja
um apontamento de protesto em seu nome, combatendo as fake news e
oferecendo mais segurança ao mercado.
“A vida dos senhores está muito facilitada com esse ambiente
do protesto de Judiciário na CENPROT”, concluiu Gomes Neto, referindo-se à área
do protesto dedicada ao Poder Judiciário, que permite o encaminhamento de
decisões judiciais e custas processuais a protesto.
Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas
Rainey Alves Marinho, presidente do IRTDPJBR, reconheceu o
“papel histórico e pioneiro das centrais eletrônicas estaduais” no
desenvolvimento de soluções locais para a prestação de serviços. No entanto,
assim como Correa, ele apontou que a multiplicidade de sistemas resultou em
“duplicidade de esforços, dificuldades regulatórias e ausência de
uniformidade”.
Marinho destacou que a Lei 14.382 e o Provimento 180 do CNJ
sinalizam para a desativação das centrais estaduais até 30 de junho de 2025,
com a diretriz de migrar para uma “arquitetura nacional, centralizada e
interoperável sob coordenação dos operadores nacionais”.
O presidente do IRTDPJBR enfatizou a importância da
plataforma eletrônica nacional criada pelo IRTDPJBR, acessível pelo site
www.irtj.org.br. E ressaltou a necessidade de unificar padrões nacionais dos
atos dos registros de títulos e documentos e de pessoas jurídicas. “Não existe
um padrão nacional, nós precisamos que esse padrão seja implementado dentro da
central nacional, até para que você dê a possibilidade de ofertar à sociedade
uma velocidade na abertura de empresas, na sociedade cívica, nos estatutos, nas
associações, sindicatos e fundações”, finalizou Marinho, reforçando o
compromisso do IRTDPJBR em facilitar a vida dos associados e da população.
Confira a cobertura fotográfica aqui.
Fonte: 95o-encoge/">ANOREG/BR