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04 de Junho de 2007

Paternidade Responsável - Ações em Ribeirão Preto envolvem os três cartórios da cidade

Ribeirão Preto - Os três cartórios de Registro Civil das Pessoas Naturais do município de Ribeirão Preto deram no último sábado (02.06) uma demonstração de compromisso com a cidadania com a realização da primeira etapa do projeto "Paternidade Responsável" que, somente na cidade, atendeu a cerca de 500 mães interessadas em indicar o suposto pai de seus filhos.

O evento, considerado um sucesso pelos participantes, realizou cerca de 300 atendimentos, envolveu ao total 20 pessoas e contou com a participação ativa dos Oficiais da cidade, que estiveram presentes à mobilização, dando informações às mães e orientando os funcionários no atendimento ao público. Das 500 notificações enviadas, mais de 100 mães fizeram a indicação do suposto pai

Para o coordenador do evento em Ribeirão Preto, Oscar Paes de Almeida Filho, Oficial do 1° e do 2° Subdistritos da cidade, a primeira etapa já pode ser considerada um sucesso, independentemente do número final de atendimentos. "A satisfação em ver uma criança com o sorriso estampado no rosto, feliz por ter o nome do pai no registro de seu nascimento já satisfaz a todos nós", comentou Oscar.

Para Antonio Rodini Luiz, Oficial do 3° Subdistrito de Ribeirão Preto, que coordenou o atendimento na escola Dom Alberto Gonçalves, o objetivo do projeto foi atingido. "Tratar de uma questão social, de cidadania, como o ato de orientar as mães sobre a importância da indicação do suposto pai para o futuro da criança é nossa função e este evento poderá beneficiar muitas famílias em todo o Estado", explicou.

O evento na cidade de Ribeirão Preto envolveu três escolas das regiões mais periféricas da cidade, com cada um dos três cartórios sendo responsável por executar a mobilização em sua circunscrição, seguindo orientação do juiz corregedor da Comarca, Dr. Dr. Thomaz Carvalhaes Ferreira, que esteve presente visitando as escolas onde foram realizadas as mobilizações. Segundo Rodini, a iniciativa terá prosseguimento nos meses seguintes, até que toda a rede pública estadual tenha tido ações do projeto da paternidade responsável.

Sonho antigo

Lourdes Helena da Silva compareceu a escola estadual Walter Paiva, no bairro do Ipiranga, onde os funcionários do 2° Subdistrito de Ribeirão Preto realizavam a ação do projeto da paternidade responsável, com o intuito de finalmente fazer com que a pequena Raphaela passasse a contar com o nome do pai em seu registro de nascimento.

"Já era um plano antigo que tínhamos. O pai da Raphaela sempre assumiu a paternidade dela, mas por vários motivos nunca se preocupou em fazer a alteração no registro do nascimento dela. Era uma coisa que ela sempre me cobrava, principalmente por suas irmãs terem o nome do pai na certidão de nascimento e ela não", disse Lourdes que espera a presença do pai, que mora no Mato Grosso do Sul na segunda etapa do projeto, no dia 5 de agosto. "Tenho certeza que ele virá, até por que é uma coisa que só fará bem para a nossa filha", completou Lourdes, observada pela pequena Raphaela.

Escolas lotadas

Um grande movimento marcou a ação do cartório do 3° Subdistrito na escola estadual Dom Alberto Gonçalves, uma das maiores da rede pública estadual em Ribeirão, e que conta com cerca de 2.200 alunos, e atende desde a 1ª até a 8 ª série do ensino médio. Foram enviadas notificações para 184 mães, sendo que 92 compareceram ao evento para um total de 101 crianças (haviam mães com mais de um filho sem paternidade e matriculados na mesma escola). Para a diretora da escola, Damiana Nádia da Silveira Barroso, a iniciativa veio na hora certa.

"Percebemos que as crianças que não tem o nome do pai no registro ficam constrangidas, embora não falem nada, mas em dias de comemoração como o dia dos pais, fica claro que o comportamento delas fica alterado", explica. "Esta ação veio em hora muito apropriada", completou. Presente ao evento o defensor público, Carlos Eduardo Montes Nutta, também elogiou a iniciativa. "Trabalhar a cidadania é primordial em nosso país e este é um belo exemplo do que podemos fazer para beneficiar as pessoas que são mais carentes", explicou.

Do total do comparecimento na escola Dom Alberto Gonçalves, 61 mães indicaram o suposto pai, sendo que 24 delas pendentes de complementação dos dados da indicação, que se dará até a próxima sexta feira; ainda, 22 mães não quiseram declarar e aconteceram outras 18 ocorrências, como adoção unilateral, desconhecem o endereço do suposto pai, criança sem guarda, etc... .

"Muitas mães desconhecem o paradeiro do suposto pai, por não manterem mais contato, há anos. Em muito desses casos, a criança é criada pelo atual companheiro da mãe que demonstrou interesse em proceder à adoção. Ficamos gratificados em ver a grande maioria das mães nos parabenizar pela iniciativa e lamentarem não ter ocorrido anos atrás. Estamos confiantes de que realizamos um bom trabalho e que este surtirá efeito", disse Fernando Rodini, Oficial Substituto do 3° Subdistrito.

Na escola estadual Professora Glete de Alcântara, no bairro do Parque Ribeirão, onde o 1° Subdistrito de Ribeirão Preto realizou a ação piloto, centenas de mães chegaram logo cedo para iniciar os procedimentos para indicação do suposto pai. Para a diretora da escola, Sandra Regina Almeida do Carmo, o projeto ainda terá repercussões ao longo da semana. "As mães vieram aqui durante a semana inteira para saber sobre o projeto e mesmo com o número alto de presença neste sábado, tenho certeza que muitas que não compareceram irão vir aqui no decorrer desta semana", explicou.

Para o Oficial Oscar Paes de Almeida Filho, a idéia do projeto tocou fundo na alma dos pequenos. "Mãe fala para ele que só quero o nome do pai no registro, não quero roupa, nem comida, só o nome dele. Tenho certeza que para estas crianças que estão sem o nome do pai no registro de nascimento é isso que importa, serem reconhecidas", diz.

Mãe dupla

Margareth Pio Petronilha também compareceu ao mutirão em Ribeirão Preto para fazer a indicação do suposto pai de sua filha, Suelen Denise Petronilha, hoje com 17 anos. "Minha filha sempre sofreu constrangimento por não ter o nome do pai dela, por se considerada renegada por suas colegas. Hoje viemos aqui corrigir isso", explicou Margareth que espera que sua filha, grávida de oito meses, não cometa o mesmo erro.

"O pai não quer reconhecer, diz que não é dele, mas vou atrás deste direito para a minha filha, ela merece ter o nome do pai no registro de nascimento e não passar situações chatas como as que eu já passei", disse Suelen.

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