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26 de Julho de 2021

G1 - 'Efeito Covid': Campinas tem semestre mais mortal da história e nascimentos despencam

Diferença entre nascimentos e óbitos é a menor já registrada por cartórios da cidade desde o início da série histórica, em 2003.
 
Um levantamento com dados de cartórios de Registro Civil mostra que nunca se morreu tanto em Campinas (SP) em um primeiro semestre como em 2021. O "efeito Covid" que impulsionou o total de óbitos também afetou o número de nascimentos - a diferença entre os nascidos vivos e mortes registradas na metrópole entre janeiro e junho é a menor de toda a série histórica, iniciada em 2003.
 
Segundo o Portal da Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), os cartórios de Campinas registraram 6.021 óbitos entre janeiro e junho, número 47,7% maior que a média histórica, e 45% maior que o do mesmo período de 2020, quando foram contabilizadas 4.152 mortes.
 
Considerando as informações divulgadas pela prefeitura de Campinas, a cidade teve 2.304 vítimas da Covid-19 nos primeiros seis meses de 2021 - foi o período mais mortal de toda a pandemia.
 
Já os cartórios da cidade registraram 8.341 nascimentos entre janeiro e junho, volume 14,4% menor que a média histórica, e 9,6% abaixo do contabilizado em 2020. Em toda a série histórica, só é superior ao de 2003, com 7.841 nascidos vivos. Mas a diferença entre nascimentos e mortes era bem maior
 
“Com o Portal da Transparência, podemos visualizar a real condição que a sociedade está passando, como o grande aumento no número de óbitos e a diminuição dos nascimentos”, defende Luis Carlos Vendramin Junior, presidente da Arpen/SP.
 
Reflexos da Covid-19
 
Para a pesquisadora Tirza Aidar, do Núcleo de Estudos de População (Nepo), da Unicamp, os reflexos da Covid-19 são claros nos dois indicadores, por conta da curva acentuada como isso ocorreu.
 
Tirza destaca que Campinas vinha registrando uma diminuição dos nascimentos em decorrência da contínua queda da fecundidade, número médio de filhos por mulher ao final do período fértil, e envelhecimento da população, quando o crescimento da população com 60 anos ou mais é maior que o da população em idade reprodutiva. Mas os dados atuais refletem impacto direto da pandemia.
 
"A diminuição entre 2020, e principalmente 2021 é muito acentuada. Entre 2019 e 2020 a queda não se justificaria, já que, em tese, os bebês nascidos no primeiro semestre de 2020 foram gerados antes da pandemia", pontua a professora.
 
Apesar do impacto direto da pandemia, a professora da Unicamp destaca que é preciso um período maior para analisar se a Covid-19 vai provocar mudanças mais profundas na natalidade em Campinas.
 
"Mesmo se parte dessa diminuição dos nascimentos seja devido ao adiamento dos planos reprodutivos em decorrência da crise sanitária, econômica e social na qual estamos imersos desde março de 2020, ainda é cedo para prever esses efeitos no médio e longo prazo", diz.

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