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Inteligência Artificial no Registro Civil: tecnologia, responsabilidade e cidadania
Como IA está transformando os serviços cartorários,
otimizando processos e fortalecendo a proteção de dados
A transformação digital no Registro Civil das Pessoas
Naturais já é uma realidade em curso no Brasil. Com o avanço da Inteligência
Artificial (IA) e sua inserção gradual no setor público, os cartórios de
Registro Civil começam a incorporar soluções tecnológicas que prometem tornar o
atendimento ao cidadão mais ágil, seguro e eficiente, sem abrir mão da
responsabilidade institucional, da supervisão humana e dos princípios que
fundamentam o serviço extrajudicial.
IA como aliada do registrador
A aplicação da IA no Registro Civil vem sendo desenvolvida
para apoiar, e não substituir, o trabalho dos oficiais e de suas equipes. A
tecnologia pode ser utilizada em tarefas como triagem automatizada de
documentos, reconhecimento óptico de caracteres (OCR), classificação de
arquivos, atendimento virtual ao público, além da autenticação digital de
identidade, com potencial de integrar diferentes sistemas e ampliar o acesso
remoto aos serviços.
Essas ferramentas contribuem para acelerar rotinas
operacionais, melhorar o controle de dados, reduzir filas e oferecer ao cidadão
um serviço mais moderno e eficiente. Contudo, o uso da IA deve ocorrer sempre
sob orientação humana, em conformidade com as normativas vigentes e com foco no
interesse público. A tecnologia pode apoiar decisões, mas jamais tomar o lugar
do juízo humano. Um princípio inegociável na atividade registral.
Ética, privacidade e segurança de dados
Especialistas da área técnica alertam que a introdução da IA
no Registro Civil precisa ser cuidadosamente planejada. Isso inclui uma análise
detalhada dos riscos envolvidos, avaliação da qualidade dos dados, treinamento
das equipes e revisão dos fluxos internos de atendimento. Também é essencial
observar os critérios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo o
sigilo das informações, o respeito à privacidade do cidadão e a segurança
jurídica dos atos praticados.
“Nosso objetivo é construir uma inteligência artificial
voltada à realidade do Registro Civil, alinhada à LGPD e às diretrizes éticas
internacionais”, explica o professor Ricardo Custódio, pesquisador da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele destaca ainda os riscos do
uso indevido de plataformas abertas e a necessidade de desenvolver soluções
próprias para os cartórios: “É essencial preservar a privacidade e a segurança
jurídica. Esses são elementos centrais para qualquer sistema aplicado à identificação
e à cidadania”, afirma.
Inovação com responsabilidade
A modernização da atividade registral não depende apenas da
tecnologia, mas também de uma mudança cultural. A implantação da IA exige
capacitação contínua, planejamento estratégico, teste de sistemas e
monitoramento dos resultados, sempre com foco na melhoria da experiência do
cidadão. Isso vale tanto para cartórios de grande porte quanto para serventias
pequenas, em diferentes regiões do país.
A IA também pode desempenhar um papel importante na gestão
das estatísticas vitais, no controle de fraudes, na validação de documentos
históricos e na padronização de informações, apoiando ações coordenadas com
órgãos públicos, Judiciário e sistemas nacionais de dados civis.
Um futuro digital com base humana
Para o vice-presidente da Arpen-SP, Gustavo Fiscarelli o
avanço da Inteligência Artificial no Registro Civil deve ser guiada por
princípios éticos, institucionais e humanos. A tecnologia deve servir à
cidadania, e não o contrário. “Estamos diante de uma transformação histórica. A
inteligência artificial pode tornar o Registro Civil ainda mais acessível,
eficiente e confiável — mas isso exige compromisso ético, capacitação e uma
atuação técnica conectada com a realidade do cidadão”, afirma
Mais do que uma mudança tecnológica, a adoção da
Inteligência Artificial no Registro Civil representa uma nova forma de pensar o
serviço público. É a chance de ampliar o alcance dos cartórios, facilitar o
acesso aos direitos fundamentais e tornar o sistema mais transparente e
eficiente. “A inovação que buscamos é aquela que promove o uso responsável,
ético e equitativo da inteligência artificial no Registro Civil Brasileiro. Com
os princípios da legalidade e da fé pública, buscamos um sistema acessível a todos
os brasileiros, independentemente de sua condição econômica ou localização”, completa
Fiscarelli.
Quer saber mais?
Acesse a Cartilha de Boas Práticas para o Uso Responsável,
Equitativo e Ético da Inteligência Artificial no Registro Civil.
https://onrcpn.org.br/ia/
Fonte: Eduardo Carrasco, Assessoria de Comunicação da Arpen-SP