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27 de Setembro de 2006
Clipping - Revista Auto esporte - Negócios sobre rodas
Com muita criatividade, carros são transformados em lojas ambulantes para levar os mais variados produtos e serviços onde os clientes estão
Foi-se o tempo em que entregar uma pizza quentinha em casa era o máximo da comodidade que um veículo podia oferecer. De loja ambulante a academia de ginástica, ônibus, vans e furgões estão sendo transformados para levar todo o tipo de produto e serviço até onde o consumidor está. Até casar sobre rodas já é possível.
Quando patentearam o primeiro veículo movido à gasolina, em 1885, os alemães Karl Benz e Gottlieb Daimler não poderiam imaginar que a invenção poderia um dia se transformar no ganha-pão de Adriana Bruno. Ao sair de uma companhia de teatro, a atriz partiu para a produção artesanal de bolsas. Com a propaganda boca a boca, a demanda cresceu, e Adriana resolveu usar o microônibus recebido da companhia como pagamento para vender seus produtos. "Lembrei do carro da pamonha, e me deu o estalo", conta. Equipado com um motor VW de Variant, o ônibus estava parado, precisando de consertos. A decoração interna da "loja" também ficou por conta dela. "Tirei uns bancos, usei o estepe para fazer um assento e coloquei umas cortinas."
A idéia deu tão certo que a atriz teve de contratar mais uma pessoa. "Não dava mais para criar, produzir e vender as bolsas e dirigir sozinha." A loja Maria Berenice, nome da avó de Adriana, não fica em um único lugar, muda a cada semana. Há problemas em vender produtos dessa forma? "A fiscalização não pode apreender nada desde que eu venda dentro do ônibus", diz, ressaltando que pesquisou a lei antes de colocar a loja pra rodar.
O casal Maria do Socorro e Laércio da Luz também foi levado a investir no comércio sem ponto fixo. Ex-donos de uma loja de produtos e serviços para animais, os dois decidiram colocar tudo o que as empresas tinham dentro de um Fiat Ducato para atender com hora marcada, na casa dos clientes. Deu tão certo que eles venderam a loja, e ficaram somente com a van. "Agora negociamos a abertura de franquias", conta Luz.
Segundo ele, a van do Art Dog Delivery é completa. Tem secador, banheira aquecida, reservatórios de água limpa e usada, máquinas de tosa e produtos de limpeza, entre outros materiais. "Tudo o que existe em uma empresa normal", adiciona Maria do Socorro.
O investimento inicial foi de R$ 80 mil, sendo R$ 25 mil da transformação do interior em uma pet shop tradicional e o restante foi para a compra do veículo. Os clientes do casal estão concentrados em bairros nobres da zona sul da capital paulista, dispostos a pagar até o dobro pelos serviços personalizados do casal, comparando com a média por lojas do seguimento. Eles atendem cerca de 15 clientes por dia, e têm a agenda lotada a semana inteira.
O ônibus cartório itinerante funciona no Estado de São Paulo com o mesmo objetivo dos furgões da perfumaria. Só que a idéia principal é atender gratuitamente regiões afastadas e carentes onde não há cartórios para emitir certidões de nascimento, casamento e óbito. O projeto é coordenado p ela Associação dos Registradores das Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP).
"Temos toda a infra-estrutura de um cartório: computador, internet, escreventes, mesas, gerador e até ar-condicionado", afirma Antônio Guedes Netto, presidente da associação. O investimento na preparação do ônibus foi de R$ 150 mi. Os recursos vem de um fundo composto por parte do lucro de cartórios. Normalmente o ônibus atua uma ou duas vezes por mês, em várias cidades do Estado, fazendo de 100 a 200 atendimentos a cada saída. Arpens de outros estados já consultaram Netto para obter mais detalhes sobre o projeto. Minas Gerais já está na lista.
Netto conta que obviamente, o cartório não oferece festa para os noivos, mas que, em alguns lugares, a comunidade prepara uma comemoração para celebrar o evento " ou os eventos, dependendo de quantos casais estão casando na cidade.
Perfumes na praça
O Boticário, empresa de cosméticos e perfumaria também viu no automóvel uma oportunidade para ampliar os negócios. Desde o início de 2005, passou a vender seus produtos em 23 Fiat Doblò. "Esses carros-loja atendem cidades que não comportam uma franquia", diz Francisco de Paula, comprador de suprimentos da empresa: "Surgiram das muitas consultas de clientes, que pediam lojas em suas cidades", conta.
Os Doblòs estão mais concentrados nas regiões sul e nordeste, atuando em cidades no raio de 40 km de uma loja O Boticário. "Colocamos no compartimento quase tudo que uma loja vende e levamos para a praça central, junto com um vendedor", conta de Paula. Não há calendário fixo para as visitas. "É de acordo com a demanda".
Ergométricas móveis
Quem freqüenta academia sabe bem como pode ser tedioso ficar parado em um aparelho durante um exercício físico. Pensando em melhorar esta condição " e ganhar dinheiro, claro- o empresário carioca Marcos Alves criou algo inédito: o Bus Bike.
Trata-se de um ônibus adaptado para levar 16 bicicletas ergométricas e rodar pela cidade a 30 km/h durante a aula. "Notei que muita gente deixava de ir à academia por achar chato ficar parado", diz Alves, ex-dono de academia. Além das bicicletas, o ônibus conta com banheiros, armários, ar-condicionado e uma pequena equipe de apoio. Uma unidade nova, com chassi Scania e carroceria Busscar, demora quatro meses para ficar pronta. A usada, dois meses.
O negócio deu tão certo que Alves pediu a patente da sua criação em 192 países, e negocia a venda com vários deles " um foi vendido para Portugal. São Paulo recebe o primeiro Bus Bike até o fim do ano. Os principais clientes são hotéis, academias, agências de viagens e campanhas publicitárias. O ônibus pode ser alugado por dia ou períodos, com diárias de R$ 9.600.
Se estivessem vivos, Karl Benz e Gottlieb Daimler certamente estariam orgulhosos de ter inventado uma máquina tão versátil, que ajuda muita gente a ganhar dinheiro e a se divertir. Com muita criatividade.
Foi-se o tempo em que entregar uma pizza quentinha em casa era o máximo da comodidade que um veículo podia oferecer. De loja ambulante a academia de ginástica, ônibus, vans e furgões estão sendo transformados para levar todo o tipo de produto e serviço até onde o consumidor está. Até casar sobre rodas já é possível.
Quando patentearam o primeiro veículo movido à gasolina, em 1885, os alemães Karl Benz e Gottlieb Daimler não poderiam imaginar que a invenção poderia um dia se transformar no ganha-pão de Adriana Bruno. Ao sair de uma companhia de teatro, a atriz partiu para a produção artesanal de bolsas. Com a propaganda boca a boca, a demanda cresceu, e Adriana resolveu usar o microônibus recebido da companhia como pagamento para vender seus produtos. "Lembrei do carro da pamonha, e me deu o estalo", conta. Equipado com um motor VW de Variant, o ônibus estava parado, precisando de consertos. A decoração interna da "loja" também ficou por conta dela. "Tirei uns bancos, usei o estepe para fazer um assento e coloquei umas cortinas."
A idéia deu tão certo que a atriz teve de contratar mais uma pessoa. "Não dava mais para criar, produzir e vender as bolsas e dirigir sozinha." A loja Maria Berenice, nome da avó de Adriana, não fica em um único lugar, muda a cada semana. Há problemas em vender produtos dessa forma? "A fiscalização não pode apreender nada desde que eu venda dentro do ônibus", diz, ressaltando que pesquisou a lei antes de colocar a loja pra rodar.
O casal Maria do Socorro e Laércio da Luz também foi levado a investir no comércio sem ponto fixo. Ex-donos de uma loja de produtos e serviços para animais, os dois decidiram colocar tudo o que as empresas tinham dentro de um Fiat Ducato para atender com hora marcada, na casa dos clientes. Deu tão certo que eles venderam a loja, e ficaram somente com a van. "Agora negociamos a abertura de franquias", conta Luz.
Segundo ele, a van do Art Dog Delivery é completa. Tem secador, banheira aquecida, reservatórios de água limpa e usada, máquinas de tosa e produtos de limpeza, entre outros materiais. "Tudo o que existe em uma empresa normal", adiciona Maria do Socorro.
O investimento inicial foi de R$ 80 mil, sendo R$ 25 mil da transformação do interior em uma pet shop tradicional e o restante foi para a compra do veículo. Os clientes do casal estão concentrados em bairros nobres da zona sul da capital paulista, dispostos a pagar até o dobro pelos serviços personalizados do casal, comparando com a média por lojas do seguimento. Eles atendem cerca de 15 clientes por dia, e têm a agenda lotada a semana inteira.
O ônibus cartório itinerante funciona no Estado de São Paulo com o mesmo objetivo dos furgões da perfumaria. Só que a idéia principal é atender gratuitamente regiões afastadas e carentes onde não há cartórios para emitir certidões de nascimento, casamento e óbito. O projeto é coordenado p ela Associação dos Registradores das Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP).
"Temos toda a infra-estrutura de um cartório: computador, internet, escreventes, mesas, gerador e até ar-condicionado", afirma Antônio Guedes Netto, presidente da associação. O investimento na preparação do ônibus foi de R$ 150 mi. Os recursos vem de um fundo composto por parte do lucro de cartórios. Normalmente o ônibus atua uma ou duas vezes por mês, em várias cidades do Estado, fazendo de 100 a 200 atendimentos a cada saída. Arpens de outros estados já consultaram Netto para obter mais detalhes sobre o projeto. Minas Gerais já está na lista.
Netto conta que obviamente, o cartório não oferece festa para os noivos, mas que, em alguns lugares, a comunidade prepara uma comemoração para celebrar o evento " ou os eventos, dependendo de quantos casais estão casando na cidade.
Perfumes na praça
O Boticário, empresa de cosméticos e perfumaria também viu no automóvel uma oportunidade para ampliar os negócios. Desde o início de 2005, passou a vender seus produtos em 23 Fiat Doblò. "Esses carros-loja atendem cidades que não comportam uma franquia", diz Francisco de Paula, comprador de suprimentos da empresa: "Surgiram das muitas consultas de clientes, que pediam lojas em suas cidades", conta.
Os Doblòs estão mais concentrados nas regiões sul e nordeste, atuando em cidades no raio de 40 km de uma loja O Boticário. "Colocamos no compartimento quase tudo que uma loja vende e levamos para a praça central, junto com um vendedor", conta de Paula. Não há calendário fixo para as visitas. "É de acordo com a demanda".
Ergométricas móveis
Quem freqüenta academia sabe bem como pode ser tedioso ficar parado em um aparelho durante um exercício físico. Pensando em melhorar esta condição " e ganhar dinheiro, claro- o empresário carioca Marcos Alves criou algo inédito: o Bus Bike.
Trata-se de um ônibus adaptado para levar 16 bicicletas ergométricas e rodar pela cidade a 30 km/h durante a aula. "Notei que muita gente deixava de ir à academia por achar chato ficar parado", diz Alves, ex-dono de academia. Além das bicicletas, o ônibus conta com banheiros, armários, ar-condicionado e uma pequena equipe de apoio. Uma unidade nova, com chassi Scania e carroceria Busscar, demora quatro meses para ficar pronta. A usada, dois meses.
O negócio deu tão certo que Alves pediu a patente da sua criação em 192 países, e negocia a venda com vários deles " um foi vendido para Portugal. São Paulo recebe o primeiro Bus Bike até o fim do ano. Os principais clientes são hotéis, academias, agências de viagens e campanhas publicitárias. O ônibus pode ser alugado por dia ou períodos, com diárias de R$ 9.600.
Se estivessem vivos, Karl Benz e Gottlieb Daimler certamente estariam orgulhosos de ter inventado uma máquina tão versátil, que ajuda muita gente a ganhar dinheiro e a se divertir. Com muita criatividade.