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02 de Maio de 2025

Grandes Personalidades Paulistas: Mário de Andrade e o Registro Civil de sua História

Um Ícone Modernista no Coração de São Paulo

Mário de Andrade, nascido em 9 de outubro de 1893 em São Paulo, filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade, foi uma das figuras mais influentes da cultura brasileira. Poeta, romancista, musicólogo, crítico literário e ativista cultural, ele desempenhou um papel central na consolidação do Modernismo no Brasil. Sua obra buscou desvendar e compreender a identidade brasileira, destacando-se por sua inovação literária e pela valorização da cultura nacional.

Formado pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, Mário iniciou sua carreira como professor de piano e crítico musical. Sua paixão pela cultura brasileira o levou a viajar pelo país, pesquisando manifestações folclóricas, músicas populares e tradições regionais. Essas experiências enriqueceram sua produção literária, resultando em obras marcantes como Pauliceia Desvairada (1922), que marca o início do Modernismo no Brasil, e Macunaíma (1928), um retrato irreverente do povo brasileiro. Segundo Mariana Hangai, supervisora de Pesquisa, Conteúdo e Formação dos Museus-Casas de São Paulo. “Mário de Andrade foi uma das figuras mais importantes da cultura brasileira e um dos pioneiros e principais teóricos do modernismo brasileiro. Sua obra buscou desvendar e compreender a identidade brasileira”, afirma.

Sua ligação com a capital paulista pode ser percebida tanto em sua obra quanto em sua vida pública. “Sua importância  e contribuição para a história e cultura paulistana é marcante e pode ser medida pelas obras icônicas que ele dedicou à cidade, como Pauliceia desvairada e Lira paulistana, onde expressa todo seu amor por São Paulo; pela sua atuação como primeiro diretor do Departamento de Cultura (hoje Secretaria Municipal de Cultura), deixando um importante legado nas bibliotecas públicas e nas escolas infantis; e pelo seu trabalho na área do patrimônio histórico, que levou ao tombamento de construções seculares, como o Convento da Luz, a Igreja do Carmo e a Capela de São Miguel Paulista”, conta Mariana.

O Registro Civil como Guardião da História

Mário de Andrade faleceu em 25 de fevereiro de 1945, aos 51 anos, em São Paulo, vítima de um enfarto agudo do miocárdio. Seu óbito foi registrado no 35º Subdistrito da Barra Funda. Esse registro, ainda hoje conservado, é uma prova da importância do Registro Civil como guardião da memória e da história de figuras públicas que moldaram a cultura do país.

Mariana, ressalta a relevância dos registros documentais nesse processo: "Registros de nascimento e óbito são fontes importantíssimas para estudar a história e conhecer melhor figuras como Mário de Andrade. Quando estudados com cautela e rigor metodológico, esses documentos ajudam a entender não só as pessoas documentadas, mas também as instituições que documentam, e por extensão toda a sociedade".

A Casa Mário de Andrade: Preservando a Memória

A Casa Mário de Andrade, localizada na Rua Lopes Chaves, 546, na Barra Funda, é um museu da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Poiesis, e um patrimônio tombado. A residência foi projetada por Oscar Americano no início da década de 1920 e serviu de moradia para Mário de Andrade de 1921 até sua morte em 1945.

Durante esse período, a casa tornou-se um ponto de encontro para intelectuais e artistas modernistas, como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, formando o emblemático "Grupo dos Cinco". Esses encontros às terças-feiras foram fundamentais para o desenvolvimento e consolidação do movimento modernista no Brasil.

Em 2015, a casa foi reaberta ao público como museu, no aniversário de 70 anos da morte de Mário de Andrade. A exposição, intitulada "A Morada do Coração Perdido", apresenta objetos pessoais do escritor, móveis originais, documentos, fotografias e vídeos que retratam sua vida e obra. Além disso, o museu realiza uma programação cultural diversificada, incluindo palestras, cursos e atividades educativas, mantendo viva a memória e o legado de Mário de Andrade. "A Casa Mário de Andrade possui um acervo especial de objetos pessoais que pertenceram ao escritor e móveis desenhados por ele. Além disso, a própria casa, construída em 1921, é entendida como a parte mais importante do nosso acervo. Esses objetos (móveis e imóveis) contam um pouco sobre a história do desenvolvimento urbano da cidade e modos de morar que nos ajudam a compreender melhor a vida no século passado e nos possibilitam refletir sobre o nosso futuro", destaca Mariana.

O acervo da Casa Mário de Andrade também contribui para ampliar a compreensão sobre os contextos históricos. "Temos expostos no museu reproduções de documentos pessoais do autor, como um documento de identidade de 1927 e um título de eleitor de 1933. Esses registros, mais do que apenas dados, refletem também as políticas sociais e culturais de sua época", explica Mariana, chamando atenção para a necessidade de uma leitura crítica dos documentos históricos.

O Registro Civil, ao lado de instituições culturais, preserva não apenas o direito à cidadania, mas também a memória e a história dos grandes nomes que construíram a identidade paulista e brasileira.

Fonte: Eduardo Carrasco, Assessoria de Comunicação Arpen-SP

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