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Grandes Personalidades Paulistas: Mário de Andrade e o Registro Civil de sua História
Um
Ícone Modernista no Coração de São Paulo
Mário de Andrade, nascido em 9 de outubro de 1893 em São
Paulo, filho de Carlos
Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade, foi uma das
figuras mais influentes da cultura brasileira. Poeta, romancista, musicólogo,
crítico literário e ativista cultural, ele desempenhou um papel central na
consolidação do Modernismo no Brasil. Sua obra buscou desvendar e compreender a
identidade brasileira, destacando-se por sua inovação literária e pela
valorização da cultura nacional.
Formado pelo Conservatório Dramático e Musical de São
Paulo, Mário iniciou sua carreira como professor de piano e crítico musical.
Sua paixão pela cultura brasileira o levou a viajar pelo país, pesquisando
manifestações folclóricas, músicas populares e tradições regionais. Essas
experiências enriqueceram sua produção literária, resultando em obras marcantes
como Pauliceia Desvairada (1922), que marca o início do Modernismo no
Brasil, e Macunaíma (1928), um retrato irreverente do povo brasileiro.
Segundo Mariana Hangai, supervisora de Pesquisa, Conteúdo e Formação dos
Museus-Casas de São Paulo. “Mário de Andrade foi uma das figuras mais
importantes da cultura brasileira e um dos pioneiros e principais teóricos do
modernismo brasileiro. Sua obra buscou desvendar e compreender a identidade
brasileira”, afirma.
Sua ligação com a capital paulista pode ser percebida
tanto em sua obra quanto em sua vida pública. “Sua importância e contribuição para a história e cultura
paulistana é marcante e pode ser medida pelas obras icônicas que ele dedicou à
cidade, como Pauliceia desvairada e Lira paulistana, onde expressa todo seu
amor por São Paulo; pela sua atuação como primeiro diretor do Departamento de
Cultura (hoje Secretaria Municipal de Cultura), deixando um importante legado
nas bibliotecas públicas e nas escolas infantis; e pelo seu trabalho na área do
patrimônio histórico, que levou ao tombamento de construções seculares, como o
Convento da Luz, a Igreja do Carmo e a Capela de São Miguel Paulista”, conta
Mariana.
O Registro Civil como Guardião da História
Mário de Andrade faleceu em 25 de fevereiro de 1945, aos
51 anos, em São Paulo, vítima de um enfarto agudo do miocárdio. Seu óbito foi
registrado no 35º Subdistrito da Barra Funda. Esse registro, ainda hoje
conservado, é uma prova da importância do Registro Civil como guardião da
memória e da história de figuras públicas que moldaram a cultura do país.
Mariana, ressalta a relevância dos registros documentais
nesse processo: "Registros de nascimento e óbito são fontes
importantíssimas para estudar a história e conhecer melhor figuras como Mário
de Andrade. Quando estudados com cautela e rigor metodológico, esses documentos
ajudam a entender não só as pessoas documentadas, mas também as instituições
que documentam, e por extensão toda a sociedade".
A Casa Mário de Andrade: Preservando a
Memória
A Casa Mário de Andrade, localizada na Rua Lopes Chaves,
546, na Barra Funda, é um museu da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria
Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Poiesis, e um patrimônio tombado.
A residência foi projetada por Oscar Americano no início da década de 1920 e
serviu de moradia para Mário de Andrade de 1921 até sua morte em 1945.
Durante esse período, a casa tornou-se um ponto de
encontro para intelectuais e artistas modernistas, como Tarsila do Amaral,
Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, formando o emblemático
"Grupo dos Cinco". Esses encontros às terças-feiras foram
fundamentais para o desenvolvimento e consolidação do movimento modernista no
Brasil.
Em 2015, a casa foi reaberta ao público como museu, no
aniversário de 70 anos da morte de Mário de Andrade. A exposição, intitulada
"A Morada do Coração Perdido", apresenta objetos pessoais do
escritor, móveis originais, documentos, fotografias e vídeos que retratam sua
vida e obra. Além disso, o museu realiza uma programação cultural
diversificada, incluindo palestras, cursos e atividades educativas, mantendo
viva a memória e o legado de Mário de Andrade. "A Casa Mário de Andrade
possui um acervo especial de objetos pessoais que pertenceram ao escritor e
móveis desenhados por ele. Além disso, a própria casa, construída em 1921, é
entendida como a parte mais importante do nosso acervo. Esses objetos (móveis e
imóveis) contam um pouco sobre a história do desenvolvimento urbano da cidade e
modos de morar que nos ajudam a compreender melhor a vida no século passado e
nos possibilitam refletir sobre o nosso futuro", destaca Mariana.
O acervo da Casa Mário de Andrade também contribui para
ampliar a compreensão sobre os contextos históricos. "Temos expostos no
museu reproduções de documentos pessoais do autor, como um documento de
identidade de 1927 e um título de eleitor de 1933. Esses registros, mais do que
apenas dados, refletem também as políticas sociais e culturais de sua
época", explica Mariana, chamando atenção para a necessidade de uma
leitura crítica dos documentos históricos.
O Registro Civil, ao lado de instituições culturais,
preserva não apenas o direito à cidadania, mas também a memória e a história
dos grandes nomes que construíram a identidade paulista e brasileira.
Fonte: Eduardo Carrasco,
Assessoria de Comunicação Arpen-SP