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26 de Julho de 2004

Clipping - Jornal Vale Paraibano - Moradores de favela esperam chance de portar documentos

Comunidade de Caçapava tem pessoas que não conseguem nem provar que existem

A comunidade da Vila Paraíso, em Caçapava, acostumada a viver sem o mínimo de infra-estrutura, enfrenta uma outra dificuldade. Os moradores não têm documentos e por isso perdem oportunidades de benefícios sociais, como conseguir emprego, casar ou provar que existem, segundo dados da prefeitura e da ONG joseense Fasc (Fomento e Assistência Social e Cultural).

Uma pesquisa realizada pela ONG no início do ano --e confirmada pela prefeitura--, constatou que 16% dos moradores da favela Vila Paraíso não possuem nem certidão de nascimento. Também figuram na lista de pendências RG, CPF, título de eleitor e principalmente carteira de trabalho.

Diante da situação, a prefeitura está tentando conseguir o apoio do Poupa-Tempo e de cartórios da cidade para tentar reduzir o problema. A idéia é levar as instituições até o bairro, que fica às margens do rio Paraíba, num mutirão para emitir os documentos.

Segundo o Poupa-Tempo de São José, a ação não seria uma novidade, mas será necessário que o município providencie estrutura adequada para as operações e assuma as despesas. A agência de São José confirmou o contato feito pela Prefeitura de Caçapava, mas não garantiu que o trabalho será feito.

"Poderemos ir até lá, mas é sempre preferível que o interessado venha até nós", disse a coordenadora de recursos internos do Poupa-Tempo, Maria Auxiliadora Montenegro.

A mera possibilidade da ação já motivou os moradores. O catador de papelão Carlos Henrique dos Santos, 36 anos, e a dona-de-casa Alcione Luiza dos Santos, 25 anos, esperam pela iniciativa para poderem se casar. O empecilho para a união é a documentação do marido. Ele possui apenas a certidão de casamento de uma união anterior que não está averbada (não há o registro do divórcio).

"Eu não tenho dinheiro para o cartório e já perdi até oportunidade de emprego por não ter o RG."

A desempregada Alexandra da Silva, 18 anos, nunca teve certidão de nascimento e seus pais já não estão vivos. "Primeiro eu tenho que ser adotada oficialmente pela minha mãe, só depois eu vou poder tirar meus documentos."

Fonte: Jornal Vale Paraíbano - São José dos Campos -SP
Autor: Edmon Garcia

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