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15 de Agosto de 2011

Clipping - Jornal A Cidade (Ribeirão Preto) - Jardinópolis terá o primeiro casamento gay do país

Casal lésbico marcou cerimônia para 17 de setembro.

A cidade de Jardinópolis deve receber o primeiro casamento homossexual do Brasil. A Justiça autorizou duas mulheres da cidade a se casarem. A data escolhida foi o dia 17 de setembro, no cartório da cidade.

Antes, apenas conversões de união estável estavam sendo autorizadas pela Justiça, sendo que não havia cerimônia no cartório para sacramentar o casamento, como acontecerá.

Um outro casamento entre pessoas do mesmo sexo já foi autorizado em Cajamar (SP), mas o casal de homens marcou a cerimônia para o fim de outubro. Em Hortolândia (SP), também já existe uma decisão, mas as duas mulheres que vão se unir ainda não definiram a data.

Josy Carla Borges, de 29 anos, e Natália de Almeida, 20, se casarão com regime de comunhão parcial de bens. Natália adotará "Borges" como sobrenome. As duas são corretoras, mas Josy ainda trabalha como açougueira em um supermercado em Ribeirão Preto.

"É um sonho realizado. Meu pai está muito feliz. É claro que ele queria que fosse em uma igreja, com vestido e tudo, mas ele disse que o sonho dele está em parte realizado", diz Natália.

O casal vive junto há cinco anos. "Começamos em uma casinha, com uma cama de solteiro. Hoje, temos uma vida juntas. Ela me dá estrutura que homem nenhum daria", afirma Natália.

O processo

O pedido de casamento foi recebido pela Oficiala de Jardinópolis, Fabiana Laizo Clápis, que realizou a publicação dos proclamas e abriu vista do processo para manifestação do Ministério Público. O órgão não deu parecer, com o argumento de "não haver interesse que justifique sua intervenção no caso".

Em seguida, a decisão da juíza Corregedora, Débora Cristina Fernandes Ananias, permitiu a celebração da primeira cerimônia civil de duas pessoas do mesmo sexo do Brasil. No despacho, a juíza diz que "não há qualquer impedimento, quer na Constituição Federal, quer no Código Civil, ao casamento civil homoafetivo".

"Ficamos um bom tempo esperando para nos casarmos. Se não saísse aqui, íamos para São Paulo para tentar por lá", afirma Natália, que pensou que não iria conseguir a autorização.

"Foi muito difícil e pensei durante muito tempo que não íamos conseguir. Mas, agora estamos mais tranquilas", afirma.

Preconceito

Feliz com a autorização judicial, Natália conta que o cenário para os homossexuais está melhorando, mas ainda assim é preciso superar muitas barreiras colocadas pelo preconceito.

"Nunca nos escondemos de ninguém, nos amamos muito, mas ainda existe muito preconceito. Espero que com esta decisão as coisas melhorem", diz.

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