Notícias

15 de Março de 2004

Clipping - Jornal de Brasília: "Pais insistem em dar nomes de celebridades aos filhos"

Muitos se espelham em personagens e atores de TV ao registrar os bebês

Assim como há moda na hora de decidir o que vestir, a escolha dos nomes dos bebês também segue tendência hoje em dia. Os pais, querendo registrar seus filhos com nomes cada vez mais diferentes, estão fugindo dos simples e conhecidos. Resultado: nomes comuns estão perdendo a liderança em número de registros.

Um levantamento feito pelo Jornal de Brasília em alguns cartórios do DF mostrou que nomes que até pouco tempo eram desconhecidos já são campeões em número de registros. Cauã é um bom exemplo. Assim se chama um jovem ator da TV Globo, Cauã Reymond. Não só ele ganhou fama em 2003. O nome de origem indígena já é um dos preferidos dos pais no Distrito Federal.

Adinilson Barreto Rocha, oficial de registro do Cartório do 9° Ofício de Registro Civil, acredita que a televisão seja principal responsável pelos modismos: "As pessoas se espelham nos personagens e acham que os filhos terão o mesmo sucesso deles", diz. No Cartório do 9° Ofício, os nomes simples estão perdendo espaço. No ano passado, foi registrada lá apenas uma Maria e nenhum José. Entretanto, desde que a novela 'Celebridade', da TV Globo, entrou no ar, cinco meninas foram registradas com o nome da protagonista vivida por Malu Mader - Maria Clara.

Segundo Hércules da Costa Benício, titular do Cartório do 3° Ofício de Registro Civil, muitos pais querem dar aos seus bebês nomes pomposos e exageram nas inovações ortográficas: "Colocam muito y e th, e às vezes o nome fica confuso", diz. Hércules explica que é atribuição dos oficiais de registro dos cartórios orientar os pais: "No caso de nomes que sejam constrangedores ou quando fica difícil de saber se é feminino ou masculino, conversamos com os pais e tentamos fazê-los mudar de idéia."

De acordo com a Lei de Registros Públicos (Lei 6.015), caso o oficial de registro considere que determinado nome poderá levar a pessoa ao ridículo, ele pode se recusar a registrá-lo. Nesse caso, o declarante tem duas opções: tentar outro cartório ou pedir para que o caso seja analisado por um juiz de registros públicos. Processos desse tipo podem demorar, em média, seis meses. No entanto, Hércules afirma que isso raramente acontece. "Geralmente conseguimos resolver tudo na base do diálogo", diz.

Há poucos dias, Adinilson Rocha teve de conversar muito para convencer um pai de 17 anos a não registrar seu bebê com o nome de Adolf Hitler, como o rapaz desejava. "Expliquei que é um nome negativo e poderia trazer problemas à criança. Acabei conseguindo persuadi-lo e ele escolheu outro nome", conta o oficial de registro.

Fonte: Jornal de Brasília

Assine nossa newsletter