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Grandes Personalidades Paulistas: Tarsila do Amaral e o Registro Civil de sua História
Tarsila de Aguiar do Amaral,
nascida em 1º de setembro de 1886, em Capivari (SP), filha de José Estanislau
do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral, é um dos nomes mais celebrados da
arte brasileira e referência internacional do modernismo. Sua obra, marcada por
cores vibrantes, formas simplificadas e temas profundamente ligados à
identidade nacional, ajudou a consolidar o movimento modernista no Brasil e a projetar
nossa cultura para o mundo.
Criada em uma tradicional
família paulista, Tarsila passou parte da juventude na fazenda São Bernardo,
propriedade da família, onde teve contato com a vida rural e as paisagens do
interior, elementos que mais tarde seriam constantes em sua obra. Ainda jovem,
viajou para a Europa, estudando na Escola de Barcelona e também Académie
Julian, em Paris, absorvendo influências das vanguardas europeias, como o
cubismo e o surrealismo.
Ao retornar ao Brasil,
integrou-se ao círculo modernista formado por Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Anita Malfatti e Menotti Del Picchia, o famoso “Grupo dos Cinco”. O
grupo foi responsável pela organização da Semana da Arte
Moderna entre os dias 11 a 18 de fevereiro de 1922. O evento foi
fundamental para o desenvolvimento do Modernismo no Brasil. Foi nesse
ambiente de efervescência cultural que Tarsila produziu algumas de suas obras
mais icônicas.
Arte e identidade brasileira
A obra de Tarsila do Amaral
é profundamente marcada pela busca de uma identidade nacional. Inspirada pelas
paisagens, cores e personagens do Brasil, ela rompeu com padrões europeus e
introduziu uma estética moderna e autenticamente brasileira. Seu famoso quadro
“Abaporu” foi o ponto de partida para o Movimento Antropofágico, que
propunha "devorar" as influências externas e transformá-las em algo
novo, com base na cultura local.
Segundo Priscila Cunha
curadora, especialista no campo da arte, o legado de Tarsila vai muito além de
suas telas. “Tarsila representa um Brasil que se descobria. Ela soube
transformar referências eruditas, vindas de Paris, em arte profundamente
brasileira, com cores, formas e temas que dialogavam com a vida cotidiana e o
imaginário popular. Sua importância é tamanha que falar de modernismo no Brasil
sem falar de Tarsila é simplesmente impossível”, afirma.
A influência de Tarsila
ultrapassou o campo das artes plásticas. Ela foi inspiração para escritores,
músicos e intelectuais, e suas telas tornaram-se referências estéticas e
políticas, representando um Brasil múltiplo, criativo e diverso.
O Registro Civil como
guardião da memória
O registro de nascimento de
Tarsila do Amaral está registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas
Naturais de Capivari, Estado de São Paulo, no livro A-9. Nele, encontram-se
informações valiosas sobre sua origem familiar e data de nascimento, elementos
que, para além da formalidade jurídica, carregam o início de uma trajetória que
mudaria a história da arte no Brasil.
Em 1926, Tarsila se casou
com o escritor Oswald de Andrade, união registrada no 11º Subdistrito – Santa
Cecília, na capital paulista, no Livro B-3. Este documento, além de oficializar
um vínculo pessoal, simboliza a união de dois expoentes do modernismo
brasileiro, cuja parceria artística e intelectual marcou profundamente a
produção cultural do período.
O último ato da vida civil de
Tarsila ocorreu em 17 de janeiro de 1973, quando faleceu em São Paulo, aos 86
anos. Seu registro de óbito está conservado no 2º Subdistrito da Liberdade,
também na capital, no livro C-110. Este registro, como todos no Registro Civil,
é testemunho da passagem de uma vida e parte da preservação da memória de quem
contribuiu para o patrimônio cultural do país.
Priscila ainda destaca. “O
Registro Civil cumpre um papel fundamental na preservação da memória coletiva.
No caso de Tarsila, seus registros de nascimento, casamento e óbito são fontes
primárias que ajudam a entender não só a sua vida, mas também o contexto
histórico e social em que viveu”.
Um legado que ultrapassa
gerações
Hoje, a memória de Tarsila é
preservada em museus, exposições e publicações, sendo constantemente
redescoberta por novas gerações. Em Capivari, sua cidade natal, e em São Paulo,
onde viveu boa parte da vida, seu nome é lembrado como símbolo de criatividade
e inovação.
Sua trajetória demonstra
como a arte pode transcender fronteiras geográficas e culturais, levando a
identidade brasileira para além do país. O vínculo de Tarsila com o Estado de
São Paulo é parte fundamental de sua história, reforçando a importância de preservar,
junto com suas obras, os registros que contam sua vida.
O Registro Civil, ao lado de
instituições culturais e museus, garante que o passado de Tarsila, e de tantas
outras personalidades, permaneça vivo. Seus documentos, preservados com
cuidado, são testemunhos silenciosos de uma vida que transformou a arte e a
cultura do Brasil.