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18 de Agosto de 2025

Grandes Personalidades Paulistas: Tarsila do Amaral e o Registro Civil de sua História

Tarsila de Aguiar do Amaral, nascida em 1º de setembro de 1886, em Capivari (SP), filha de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral, é um dos nomes mais celebrados da arte brasileira e referência internacional do modernismo. Sua obra, marcada por cores vibrantes, formas simplificadas e temas profundamente ligados à identidade nacional, ajudou a consolidar o movimento modernista no Brasil e a projetar nossa cultura para o mundo.

Criada em uma tradicional família paulista, Tarsila passou parte da juventude na fazenda São Bernardo, propriedade da família, onde teve contato com a vida rural e as paisagens do interior, elementos que mais tarde seriam constantes em sua obra. Ainda jovem, viajou para a Europa, estudando na Escola de Barcelona e também Académie Julian, em Paris, absorvendo influências das vanguardas europeias, como o cubismo e o surrealismo.

Ao retornar ao Brasil, integrou-se ao círculo modernista formado por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Menotti Del Picchia, o famoso “Grupo dos Cinco”. O grupo foi responsável pela organização da Semana da Arte Moderna entre os dias 11 a 18 de fevereiro de 1922. O evento foi fundamental para o desenvolvimento do Modernismo no Brasil.  Foi nesse ambiente de efervescência cultural que Tarsila produziu algumas de suas obras mais icônicas.

Arte e identidade brasileira

A obra de Tarsila do Amaral é profundamente marcada pela busca de uma identidade nacional. Inspirada pelas paisagens, cores e personagens do Brasil, ela rompeu com padrões europeus e introduziu uma estética moderna e autenticamente brasileira. Seu famoso quadro “Abaporu” foi o ponto de partida para o Movimento Antropofágico, que propunha "devorar" as influências externas e transformá-las em algo novo, com base na cultura local.

Segundo Priscila Cunha curadora, especialista no campo da arte, o legado de Tarsila vai muito além de suas telas. “Tarsila representa um Brasil que se descobria. Ela soube transformar referências eruditas, vindas de Paris, em arte profundamente brasileira, com cores, formas e temas que dialogavam com a vida cotidiana e o imaginário popular. Sua importância é tamanha que falar de modernismo no Brasil sem falar de Tarsila é simplesmente impossível”, afirma.

A influência de Tarsila ultrapassou o campo das artes plásticas. Ela foi inspiração para escritores, músicos e intelectuais, e suas telas tornaram-se referências estéticas e políticas, representando um Brasil múltiplo, criativo e diverso.

O Registro Civil como guardião da memória

O registro de nascimento de Tarsila do Amaral está registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Capivari, Estado de São Paulo, no livro A-9. Nele, encontram-se informações valiosas sobre sua origem familiar e data de nascimento, elementos que, para além da formalidade jurídica, carregam o início de uma trajetória que mudaria a história da arte no Brasil.

Em 1926, Tarsila se casou com o escritor Oswald de Andrade, união registrada no 11º Subdistrito – Santa Cecília, na capital paulista, no Livro B-3. Este documento, além de oficializar um vínculo pessoal, simboliza a união de dois expoentes do modernismo brasileiro, cuja parceria artística e intelectual marcou profundamente a produção cultural do período.

O último ato da vida civil de Tarsila ocorreu em 17 de janeiro de 1973, quando faleceu em São Paulo, aos 86 anos. Seu registro de óbito está conservado no 2º Subdistrito da Liberdade, também na capital, no livro C-110. Este registro, como todos no Registro Civil, é testemunho da passagem de uma vida e parte da preservação da memória de quem contribuiu para o patrimônio cultural do país.

Priscila ainda destaca. “O Registro Civil cumpre um papel fundamental na preservação da memória coletiva. No caso de Tarsila, seus registros de nascimento, casamento e óbito são fontes primárias que ajudam a entender não só a sua vida, mas também o contexto histórico e social em que viveu”.

Um legado que ultrapassa gerações

Hoje, a memória de Tarsila é preservada em museus, exposições e publicações, sendo constantemente redescoberta por novas gerações. Em Capivari, sua cidade natal, e em São Paulo, onde viveu boa parte da vida, seu nome é lembrado como símbolo de criatividade e inovação.

Sua trajetória demonstra como a arte pode transcender fronteiras geográficas e culturais, levando a identidade brasileira para além do país. O vínculo de Tarsila com o Estado de São Paulo é parte fundamental de sua história, reforçando a importância de preservar, junto com suas obras, os registros que contam sua vida.

O Registro Civil, ao lado de instituições culturais e museus, garante que o passado de Tarsila, e de tantas outras personalidades, permaneça vivo. Seus documentos, preservados com cuidado, são testemunhos silenciosos de uma vida que transformou a arte e a cultura do Brasil.

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