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Uma vida dedicada ao Registro Civil: homenagem a José Emygdio de Carvalho Filho
Trajetória de um
registrador que fez história no Brasil
A publicação oficial da
aposentadoria de José Emygdio de Carvalho Filho marca o encerramento de uma das
trajetórias mais emblemáticas do Registro Civil das Pessoas Naturais no Brasil.
Com uma carreira construída sobre os pilares da ética, do compromisso com a
cidadania e da liderança institucional, Emygdio despede-se da atividade
registral deixando um legado de valor inestimável, especialmente no Estado de
São Paulo, mas também em todo o território nacional.
Natural de Porto Feliz (SP), José
Emygdio iniciou sua trajetória nos cartórios aos 15 anos, em 1969, como
auxiliar no cartório da cidade natal. Demonstrando desde cedo vocação e
comprometimento com a atividade, tornou-se escrevente em 1973, mesmo período em
que iniciou sua formação em Direito pela Faculdade de Itu, pela qual se formou
em 1977.
Em 1986, assumiu interinamente o
cartório de Porto Feliz, função que exerceu até 1991, quando foi aprovado em
concurso público e designado titular do Cartório de Registro Civil das Pessoas
Naturais do Município de Indaiatuba, onde atuou por mais de três décadas. Sua
atuação à frente da serventia foi marcada por excelência administrativa,
inovação e profundo respeito à população atendida.
Liderança e representatividade
na Arpen-SP e Arpen-Brasil
Ao longo de sua trajetória, José
Emygdio foi também um dos principais nomes do movimento de fortalecimento
institucional da classe registral. Em janeiro de 2005, assumiu a presidência da
Arpen-SP, cargo que ocupou até junho do mesmo ano, conduzindo a Associação
durante um momento de organização interna e ampliação do diálogo com as
instituições públicas e os demais registradores do estado.
Seu protagonismo, porém, ganharia
dimensão nacional ao ser eleito presidente da Arpen-Brasil, tornando-se o
primeiro representante do Estado de São Paulo a ocupar o cargo. “O Emygdio foi
muito importante, e continua sendo. Foi o primeiro presidente paulista da
Arpen-Brasil. Trabalhou muito no período da gratuidade e sempre enxergou o
Registro Civil como uma grande base para a concretização dos direitos humanos”,
destacou a presidente da Arpen-SP, Karine Boselli.
Sua gestão foi marcada pela firme
atuação contra o sub-registro civil e pela busca árdua pela integração das
Arpens estaduais em torno de uma entidade forte, representativa e comprometida
com a cidadania.
Durante sua gestão na
Arpen-Brasil, entre 2007 e 2008, o Brasil vivia uma fase crítica em relação ao
sub-registro civil de nascimento. Dados da época apontavam que, em 1998, o
índice de sub-registro era de 27,1%. Com a articulação de políticas públicas
integradas, campanhas de mobilização e forte parceria entre cartórios e o poder
público, o índice caiu para 8,9% em 2008.
José Emygdio teve papel ativo
nesse avanço, promovendo o envolvimento dos registradores civis em ações de
inclusão e facilitando o acesso ao registro civil, especialmente para
populações vulneráveis e em áreas de difícil acesso.
Além disso, apoiou e participou
ativamente da regulamentação do registro tardio, com a promulgação da Lei nº
11.790/2008, que transferiu para os próprios oficiais a responsabilidade de
analisar pedidos fora do prazo legal — medida que desburocratizou o processo e
facilitou o acesso à cidadania.
Integração nacional e inovação
Emygdio também foi um dos
responsáveis por abrir as portas para aquilo que mais tarde se tornaria a
Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional) e o Sistema Nacional de
Informações de Registro Civil (SIRC). “O Emygdio representa compromisso.
Participou de inúmeros momentos decisivos para o Registro Civil, da gratuidade
à criação do SIRC — e sempre esteve à frente das lutas mais importantes da
classe”, complementa Leonardo Munari, vice-presidente da Arpen-SP.
Em reuniões com órgãos do Poder
Executivo e Judiciário em Brasília, ele foi uma das lideranças que plantaram as
bases para um sistema moderno, digital e integrado, capaz de conectar os dados
de nascimento, casamento e óbito dos cartórios de todo o Brasil em uma base
unificada. Essa estrutura viria a ser fundamental para políticas públicas de
identificação civil e cidadania, além de agilizar o envio de informações
oficiais ao Judiciário.
Sua atuação foi também marcada
por ações de integração e mobilização: realizou congressos nacionais, promoveu
encontros estaduais, visitou cartórios em diferentes regiões do país e fomentou
o diálogo institucional como ferramenta de fortalecimento da categoria.
Gratidão e reconhecimento por
uma trajetória de serviço e cidadania
Ao se aposentar da atividade
registral, José Emygdio de Carvalho Filho deixa uma marca indelével na história
do Registro Civil paulista e brasileiro. Sua trajetória é um exemplo de como a
dedicação e a competência podem transformar a atividade registral em um
verdadeiro instrumento de cidadania e dignidade humana.
A Arpen-SP agradece e homenageia,
com profunda admiração, os anos de trabalho, liderança e inspiração deixados
por José Emygdio — seja como oficial de Registro Civil, seja como presidente da
entidade.
Sua contribuição permanece viva
nas estruturas que ajudou a construir, nas políticas que ajudou a implementar e
no exemplo que deixa para todos os que seguem na missão de garantir o direito
ao registro civil. “Quem tiver a chance de estar perto do Emygdio, que
aproveite. Ele é uma fonte de conhecimento e energia. É um privilégio conviver
com alguém que dedicou a vida inteira a essa causa com tamanha generosidade e
visão”, finaliza Karine.
Fonte: Eduardo Carrasco, Assessoria de Comunicação Arpen-SP