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28 de Julho de 2021

G1 - Mais de 60% das mortes por Covid-19 no Alto Tietê foram registradas no primeiro semestre de 2021, apontam cartórios

Apesar do índice alto, semestre terminou com dados otimistas: junho registrou o menor número de mortes pela doença em quatro meses. Foi também a primeira vez em que a maioria das vítimas tinham menos de 59 anos, o que pode indicar um reflexo da vacinação.
 
De todas as mortes por Covid-19 registradas nos cartórios do Alto Tietê até junho de 2021, 60,5% ocorreram no primeiro semestre desse ano, segundo dados enviados pela Associação de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).
 
Ao longo de 16 meses de pandemia, a região atestou 4.275 óbitos pela doença, sendo que 2.589 vidas foram perdidas nos primeiros seis meses do ano. No entanto, apesar dos números altos, o semestre terminou com dados otimistas.
 
Em junho, os cartórios tiveram o menor número de mortos por coronavírus em quatro meses. Ao todo, foram 354 vítimas, o que aponta uma queda de 54,4% em relação ao total registrado em março, que foi o mês mais letal da pandemia.
 
Além disso, o total de óbitos entre pessoas com 60 anos ou mais caiu e se igualou ao registrado em fevereiro: 149. Foi também a primeira vez, desde março de 2020, em que a maioria das vítimas tinha idade inferior a 59 anos, o que pode indicar um reflexo da vacinação.
 
O levantamento inclui dados de Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano. De acordo com a Arpen, é levado em consideração o local de registro e, não necessariamente, onde a vítima morava.
 
Com o total de óbitos atestados em junho, o Alto Tietê tem a terceira queda consecutiva desde o pico da segunda onda, em março, quando foram registrados 778 mortes nos cartórios da região.
 
O número também se aproxima do observado em junho do ano passado, quando as cidades alcançavam o platô da primeira onda. Naquele mês, foram 294 vítimas, apenas 16,9% menos.
 
Vítimas mais jovens
 
Em meio ao avanço da imunização contra a Covid-19, que começou entre o público mais velho, o perfil das vítimas tem mudado. Dados de junho de 2021 mostram que das 354 vítimas, 57,9% tinham menos de 59 anos. Essa é a primeira vez em que os idosos são minoria.
 
A faixa de 40 a 59 anos é a que registra o maior número de vítimas, com 47,1%. Em seguida está o grupo de 60 a 79, com 32,4%. As pessoas de 20 a 39 anos representam 10,4% do total de óbitos registrados, enquanto os idosos de 80 a 99 são 9,6%.
 
O cenário é bem diferente do observado no mesmo mês de 2020. Naquela época, do total, 51,7% das vítimas tinham entre 60 e 79 anos. Na sequência estavam as faixas de 40 a 59 e de 80 a 99 com, respectivamente, 21,7% e 20,7% dos mortos. As vítimas de 20 a 39 eram apenas 4,7%.
 
Efeitos da vacinação
 
No final de junho, o Governo do Estado afirmou que São Paulo havia superado a meta de vacinação contra a Covid-19 em idosos. Houve cobertura de 100% dos públicos nas faixas de 90 anos ou mais, de 85 a 89 anos, e de 75 a 79 anos.
 
Na sequência, aparece o público de 70 a 74 anos, com 97,39%. Por fim, está a faixa de 80 a 84 anos, com 94,49% de cobertura vacinal. Todos estes públicos integraram a campanha entre fevereiro e março e ultrapassam 3,1 milhões de pessoas.
 
Um levantamento realizado pelo G1 em maio já mostrava uma queda na morte de idosos acima de 80 anos por Covid-19. Na época, a infectologista Raquel Muarrek disse que o dado podia ser resultado da imunização.
 
“Em todo o país, todos os municípios, a gente observa que houve uma redução de, no mínimo, 50% de casos graves ou internação em pacientes vacinados idosos. Realmente houve uma melhora na qualidade de vida dos doentes nessa faixa etária. Alguns locais foi 70%, 80%”, comenta.
 
No entanto, ela destacou que os primeiros reflexos da vacinação não atingem a quantidade de pessoas necessárias para que a população, de modo geral, esteja protegida. Por isso, os cuidados e o distanciamento devem continuar.
 
“Isso não mostra se você deve ou não abrir [os setores]. Isso porque, hoje, as internações são em jovens, adultos jovens de 30 até 50 anos. É o que tem de mais gravidade e manifestação da doença hoje”, relata.
 
Para que haja impacto populacional, é preciso que mais de 70% das pessoas estejam vacinadas com as duas doses. Enquanto isso não ocorrer, segundo Raquel, há ainda o risco de que pessoas protegidas entrem em contato com infectados, provocando o surgimento de novas variantes.
 
“A vacina responde, no geral. Ela diminuiu a internação em cerca de 70% nesse público sim, mas a gente tem o problema de ter alta transmissão, de ter a população com a segunda dose ainda não aplicada e a transmissão de cepas mais resistentes”.
 
“Enquanto essa alta transmissão não diminuir através de medidas de segurança, você continua apresentando casos. A vacinação ajuda e responde. Você tem o resultado da vacina, mas não tem 100% de vacinados. Você tem que ter acima de 80% de cada faixa etária para ter proteção”.

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